A linha SNS24 passa a dispôr de uma "plataforma de atendimento por videochamada no centro de contacto SNS24" para servir os cidadãos surdos a residir em Portugal, informou António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, durante a conferência de imprensa na sede da Direção-Geral da Saúde, em Lisboa.
Inaugurado ontem, 21 de abril, este serviço tem ao dispôr seis interpretes de língua gestual portuguesa a fazer atendimento 24 horas por dia e sete dias por semana. “O intérprete de língua gestual portuguesa fará a mediação com o enfermeiro SNS24 através de uma plataforma de atendimento de voz", explicou o governante.
No entanto, as funcionalidades desta plataforma também vão permitir "assegurar a comunicação entre os profissionais de saúde e o doente surdo durante o internamento hospitalar ou em situação de isolamento profilático”, adiantou Lacerda Sales.
Este projeto, sublinhou o secretário de Estado da Saúde, é fruto de uma parceria "entre o Instituto Nacional para Reabilitação, a Federação Portuguesa da Associação de Surdos, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e a Secretaria de Estado de Inclusão das Pessoas com Deficiência, através da senhora secretária de Estado Ana Sofia Antunes".
Luís Goes Pinheiro, presidente do SPMS , explicou que os utentes surdos, ao aceder ao site do SNS24, podem "entrar numa conversa por videochamada com um dos intérpretes residentes no centro de contacto do SNS24 Lisboa”, sendo que estes, "usando o equipamento que têm nesse local, entram em contacto com os enfermeiros do SNS24 e servirão de mediador entre o cidadão surdo e o profissional de saúde que atenderá este utente”.
Lacerda Sales considerou que este novo serviço "espelha a génese do SNS, um serviço universal, inclusivo e que não deixa ninguém para trás".
Quanto à linha SNS24 já em funcionamento, Lacerda Sales lembrou que esta "continua a ser um suporte importante na resposta nacional à Covid-19", sendo "exemplo paradigmático da adaptação de resposta do SNS à pandemia". Neste momento, a linha recebe "recebe cerca de 8000 chamadas diárias" e o tempo de espera dos utentes é "em média inferior a um minuto", considerando o secretário de Estado da Saúde que isto é prova de que este é "um serviço que se tem reinventado e que continua diariamente a aumentar e melhorar as suas respostas”.
Refugiados "estão todos bem"
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, abordou de novo a questão dos 185 cidadãos estrangeiros que se encontravam num hostel de Lisboa sob a suspeita de estarem infetados com a Covid-19.
Contrariando os valores apresentados inicialmente, a diretora-geral da Saúde referiu que foram 175 (e não 169, como antes avançado) as pessoas serem transportadas para as instalações do Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea, a antiga Base Aérea n.º 2, na Ota, estando as restantes "a ser localizadas", sendo que "não foram fugas, foram apenas pessoas que se ausentaram para outras instalações onde também estavam refugiados”
Graça Freitas mencionou também que dos cidadãos na Ota, "138 testaram positivo, sendo porém, "pessoas com sintomatologia muitíssimo ligeira, estão todos bem".
A operação de relocalização foi fruto do "trabalho entre múltiplas entidades para fazer aquilo que é a recomendação, que é que em todos os sítios onde possam estar populações em grande população, a tendência seja para desconcentrá-las ao máximo”, garantiu a diretora-feral da Saúde, admitindo que este é um processo que “não vai acontecer de um dia para o outro” mas que “está a ser feito”.
Quanto aos refugiados em Portugal requerentes de asilo, Graça Freitas reforçou que Portugal “é um país de acolhimento” e “há entidades que os acompanham”.
DGS esclarece o aumento de casos suspeitos a 18 de abril
Regressando ao tema do aumento de casos suspeitos discutido na conferência de 20 de abril, Graça Freitas explicou as razões da uma enorme subida dos valores que se verificou no dia 18 de abril.
“Este aumento correspondeu a um enorme aumento da notificação laboratorial, que por sua vez correspondeu a um apelo que a DGS tinha feito a todos os laboratórios para notificarem não só os casos positivos, como também os casos negativos”, disse a responsável.
O que aconteceu no dia 18, segundo a diretora-geral da Saúde, foi "um grande movimento de reporte, de notificações que não tinham sido enviadas por serem resultados negativos”, já que "80% das notificações que entraram no sistema SINAVE eram laboratoriais e destas laboratoriais, 40% delas tinham uma validação prévia à data em que foram incluídas e a mais antiga era de 20 de março.
Por esta razão, este aumento não se traduziu mais tarde numa subida de casos confirmados.
Também relativamente a atrasos, têm sido várias as queixas dos profissionais de saúde quanto à utilização do sistema de notificação de casos SINAVE devido a atrasos na infrastrutura, algo foi abordado por Graça Freitas.
“Temos intenções de o melhorar, nomeadamente em parceria com a SPMS", admitiu a diretora-geral da Saúde, recordando, todavia, que "este sistema foi construído para uma situação completamente diferente do ponto de vista do número de casos diários" e "para situações de carga completamente diferentes das que temos agora”.
Contudo, apesar de "agradecer muito aos médicos pela resiliência que têm tido para preencher" o SINAVE, Graça Freitas adicionou também que a sua utilização trata-se de uma "obrigatoriedade".
“Independentemente de ser mais ou menos amigável, mais ou menos lento, todos os médicos têm a obrigação de notificar no SINAVE, tal como todos os laboratórios têm a obrigação de notificar no SINAVE, mesmo que o resultado seja negativo”, disse a responsável, pois "só a partir do reporte médico e laboratorial é que conseguimos acompanhar esta epidemia, e se queremos boa informação, temos de a reportar”
DGS admite que apoio inicial aos lares não foi o melhor
A diretora-geral da Saúde reconheceu hoje que, durante a fase inicial da pandemia da Covid-19, o apoio das autoridades aos lares de idosos não foi ideal, assegurando que agora o acompanhamento “está a ser muito melhor”.
“Neste momento, temos percorrido o país todo para fazer o levantamento da situação e o que sabemos é que o acompanhamento dos lares está a ser muito melhor do que era inicialmente”, admitiu Graça Freitas.
Durante a conferência de imprensa, a diretora-geral adiantou que as entidades gestoras dos lares de idosos contam atualmente com o apoio das autarquias, segurança social, proteção civil e das autoridades de saúde locais para solucionar eventuais dificuldades, incluindo a falta de profissionais de saúde.
“Se o lar, por qualquer motivo, não tiver pessoal médico e de enfermagem suficiente para dar apoio aos utentes que lá estão, esse lar é apoiado pelo agrupamento de centros de saúde da zona em que está localizado”, assegurou Graça Freitas.
Desde o início da pandemia, vários lares têm-se queixado de falta de apoio das autoridade, nomeadamente devido à falta de condições para garantir o cumprimento das medidas de prevenção e os procedimentos impostos pela Direção-Geral da Saúde, que obrigam, por exemplo, ao isolamento de todos os utentes infetados ou com suspeita de infeção.
Relativamente à disponibilidade de profissionais de saúde, Lacerda Sales adiantou ainda que, no âmbito da pandemia, já foram contratados mais de 1.800 profissionais, entre médicos, enfermeiros e assistentes operacionais, em regime temporário, "com contratos resolutivos a termo certo por quatro meses, havendo a possibilidade de serem prorrogáveis por igual período de tempo”.
Portugal registou mais mortes nestes quatro meses de 2020 do que durante o mesmo período nos últimos cinco anos
Confrontada com um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública que dá conta do "excesso de mortalidade, um mês após a primeira morte registada por COVID-19 em Portugal", a diretora-geral da Saúde confirmou que “para todo o início do ano, de 1 de janeiro até 21 de abril, para todas as causas, verificou-se mais 439 mortos do que em relação aos cinco anos anteriores” e que parte das causas de morte é atribuída à Covid-19.
Segundo o estudo da ENSP, neste período “registaram-se mais 1.255 óbitos do que seria de esperar com base na mortalidade média diária dos últimos 10 anos”, mas apenas 567 dos quais estão associados à doença provocada pelo novo coronavírus.
Graça Freitas explicou que — ao contrário do estudo da Escola Nacional de Saúde Pública, que mediu os números da mortalidade nos últimos 10 anos — a DGS faz cálculos "sempre com a média dos cinco anteriores", porque "foi há cinco anos que começou o sistema SICO [a plataforma eletrónica onde são registados todos os certificados de óbito em Portugal] e porque há sempre variações anuais, sazonais, mentais, semanais da mortalidade”.
No entanto o aumento da mortalidade entre 1 de janeiro e 21 de abril, segundo a responsável, só ocorreu em março e este mês, há que "em janeiro, para todas as causas e para todas as idades, houve menos 689 mortes do que nos cinco anos anteriores, em média, e o mesmo se verificou em fevereiro, menos 580.” As causas para esta diminuição deveram-se "a um inverno bastante ameno, não tivemos nem frio extremo nem uma época gripal muito má”, frisou Graça Freitas.
No entanto, em março, para todas as causas, a mortalidade subiu, havendo mais 542 óbitos que a média do quinquénio de março dos anos anteriores, e, em abril, até dia 21, houve mais 1166 mortes, sendo aqui contabilizadas também as vítimas mortais por Covid-19.
A este respeito, Graça Freitas disse que "houve um pico entre o dia 24 de março e o dia 4 de abril", tendo havido "mais mortalidade do que é habitual na linha de base". No entanto, esta agora "a ser compensada", aproximando-se dos valores de outros anos.
Portugal regista 785 mortos associados à covid-19 em 21.982 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.
Relativamente ao dia anterior, há mais 23 mortos (+3%) e mais 603 casos de infeção (+2,8%).
Das pessoas infetadas, 1.146 estão hospitalizadas, das quais 207 em unidades de cuidados intensivos, e o número de doentes curados aumentou de 917 para 1.143.
Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 02 de maio prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".
Mais de 288.000 testes foram realizados desde 1 de março
Mais de 288.000 amostras para diagnóstico de Covid-19 foram processadas desde o dia 1 de março, em Portugal, disse António Lacerda Sales.
“Na semana de 13 a 19 de abril foram processadas, em média, 11.800 amostras por dia”, acrescentou o governante durante a conferência diária no Ministério da Saúde para atualizar a informação relativa à pandemia de Covid-19.
De acordo com Lacerda Sales, há neste momento 56 laboratórios a processar amostras para despiste de Covid-19, sendo 30 públicos, 13 privados e outros 13 de outras entidades, nomeadamente a Academia e o Exército.
“A reserva nacional mantém-se em mais de um milhão de testes em stock, que vão sendo distribuídos, de acordo com as necessidades”, acrescentou.
Onde posso consultar informação oficial?
A DGS criou para o efeito vários sites onde concentra toda a informação atualizada e onde pode acompanhar a evolução da infeção em Portugal e no mundo. Pode ainda consultar as medidas de segurança recomendadas e esclarecer dúvidas sobre a doença.
- https://covid19.min-saude.pt
- https://covid19.min-saude.pt/ponto-de-situacao-atual-em-portugal
- https://www.dgs.pt/em-destaque.aspx
Quem suspeitar estar infetado ou tiver sintomas em Portugal - que incluem febre, dores no corpo e cansaço - deve contactar a linha SNS24 através do número 808 24 24 24 para ser direcionado pelos profissionais de saúde. Não se dirija aos serviços de urgência, pede a Direção-Geral da Saúde.
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