“Recebi informações relativas a uma possível violência física, psicológica e sexual contra crianças por parte do diretor” de um centro infantil na região de Lviv, afirmou o comissário ucraniano para os direitos humanos, Dmytro Loubinets.

A Ucrânia é um caso invulgar, com o maior número de crianças da Europa (várias dezenas de milhares, segundo a ONU) colocadas numa vasta rede de orfanatos, internatos e instituições para deficientes, fechada e muitas vezes disfuncional.

Durante uma “visita de controlo”, o comissário disse que tinha recebido “testemunhos de crianças de que o diretor da instituição tinha cometido atos sexuais contra elas, humilhando-as publicamente e ameaçado bater-lhes e interná-las num hospital psiquiátrico por ‘mau comportamento’”.

De acordo com o relato do comissário, foram apresentadas queixas à polícia “no decurso deste ano”, mas “não foram tratadas” pelos funcionários ucranianos, lamentou.

Esta situação levou o responsável a contactar o Ministério Público ucraniano, que abriu imediatamente um inquérito por “violência sexual contra um menor”.

O Gabinete do Procurador-Geral confirmou este anúncio num comunicado de imprensa separado, declarando que “as crianças foram colocadas num local seguro”.

Iryna Sousslova, representante do Gabinete dos Direitos da Criança, disse à AFP que cinco das 57 crianças foram afetadas pela mudança, sem especificar o nome da instituição envolvida.

“A inação das autoridades que devem proteger os direitos das crianças é um crime”, lamentou Dmytro Loubinets, afirmando que pretende “levar à justiça todos aqueles que abusaram de crianças ou que não reagiram quando tiveram conhecimento do sucedido”.

A polícia ucraniana afirmou ter “apresentado um pedido” para “suspender” o diretor sob investigação.

Nos últimos anos, a Ucrânia tem sido palco de abusos em certos orfanatos (trabalho diário forçado em casas particulares para fazer as tarefas domésticas, exploração sexual, etc.).

Antes da invasão russa de fevereiro de 2022, tinham também surgido no país acusações de tráfico para adoção ilegal ou de tráfico de órgãos, segundo as ONG especializadas.