Manuel Francisco Junior, considerou, em declarações à agência Lusa, que Francisco Barbeiro representa uma época "áurea e opulenta" da baleação na ilha do Pico e nos Açores, tendo-o considerado um dos "maiores representantes" da caça à baleia.
Francisco Barbeiro, nascido na Ribeira do Meio, no concelho das Lajes do Pico, casado, era um dos últimos baleeiros, sendo considerado o "rosto principal da ultima geração" que se dedicou à caça da baleia.
A indústria da baleação desempenhou um papel importante na economia e na cultura
dos Açores, nos séculos XIX e XX, de forma particular na ilha do Pico.
A matéria prima mais importante retirada deste cetáceo era o óleo que era usado em máquinas, mas também se produziam sabonetes, perfumes, produtos para maquilhagem e farinhas.
"Francisco Barbeiro é uma das memórias mais fortes da importância histórica e económica da baleação", afirmou o responsável pelo Museu dos Baleeiros, que recordou ter aquele baleeiro sido um dos "elementos fundamentais" da comissão instaladora daquela instituição.
Manuel Francisco Junior declarou que, após a "grande desilusão" que teve aquele baleeiro com o final da caça, em 1984, Francisco Barbeiro teve a "sensibilidade e lucidez" de perceber a importância da criação do museu e "construir as memórias" da baleação.
Para o responsável do Museu dos Baleeiros, aquele baleeiro, que "começou muito novo" na atividade, tendo sido remador, ‘trancador’, mestre de lancha e armador, "está entre os grandes baleeiros do Pico e dos Açores".
"Vinha ver o museu como se fosse parte sua, foi um homem do património baleeiro, educado e inteligente, de verticalidade, de caráter, olhava as pessoas com ternura e doçura", referiu Manuel Francisco Junior.
Francisco Barbeiro, tal como o sobrenome indica, foi barbeiro quando cumpriu o serviço militar obrigatório, mas também agricultor, tendo tanto o seu pai como o avô sido igualmente baleeiros como forma de assegurar um rendimento extra.
A caça à baleia nos Açores processava-se com base em barcos de boca aberta e em métodos artesanais, com recurso a um arpão, sendo posteriormente os cetáceos desmanchados nas unidades industriais que existiam nas várias ilhas dos Açores.
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