Em comunicado, o BEI anunciou que o presidente da instituição, Werner Hoyer, e a vice-presidente Teresa Czerwinska vão estar hoje na capital da Ucrânia e que vão reunir-se com o Volodymyr Zelensky e o Denis Shmyhal, para inaugurar o Centro Regional do BEI para a Europa de Leste.

“A visita reafirma o compromisso do BEI em trabalhar com a Ucrânia, incluindo várias iniciativas de recuperação e resiliência que serão financiadas ao abrigo do Fundo da União Europeia [UE] para a Ucrânia. O objetivo é responder às necessidades urgentes da Ucrânia em matéria de infraestruturas e segurar a economia do país”, sustentou o BEI na nota.

Entre as iniciativas que hoje serão apresentadas há dois empréstimos, num total de 450 milhões de euros.

Citado no comunicado, o presidente do BEI referiu que a visita à capital do país que há mais de um ano e meio está a tentar repelir uma invasão da Rússia tem o propósito de “demonstrar o apoio inabalável [à Ucrânia], especialmente durante o ataque contínuo da Rússia e as suas atrocidades”.

“Com a fixação do nosso Centro Regional para a Europa de Leste em Kiev, queremos vincar o nosso compromisso: acompanhar a Ucrânia no seu percurso europeu. A Ucrânia é uma parte essencial da nossa família da UE e o BEI é um elemento-chave do apoio a longo prazo”, acrescentou a instituição financeira.

A visita do Presidente do Banco Europeu de Investimento a Kiev surge numa altura em que a Hungria tenta colocar um travão ao apoio dos 27 ao país invadido, que, apesar de críticas consistentes de Budapeste, tem sido inequívoco desde 24 de fevereiro.

Também hoje, o presidente do Conselho Europeu desloca-se a Budapeste para preparar a cimeira de dezembro, quando o governo húngaro ameaça bloquear decisões sobre início de conversações formais para alargamento e apoio à reconstrução da Ucrânia.

A visita surge dias depois de Viktor Orbán ter enviado uma carta a Charles Michel pedindo uma “discussão franca e aberta sobre a viabilidade dos objetivos estratégicos da UE na Ucrânia”.

Charles Michel visitou a Ucrânia na última terça-feira, ocasião na qual disse à comitiva de jornalistas que o acompanhou, incluindo a Lusa, que irá “trabalhar arduamente” junto dos líderes da UE para um aval em dezembro às negociações formais com a Ucrânia para alargamento, sem prometer resultado positivo pelas “dificuldades políticas”.

Fontes europeias indicaram à Lusa que, nesta visita, Charles Michel abordou “a questão húngara” com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, para Kiev “estar lúcido” sobre as barreiras nas negociações do Conselho Europeu de dezembro.

As mesmas fontes falaram numa “espécie de jogo de póquer”, dadas as ameaças de Budapeste em bloquear por exemplo o início de negociações formais com a Ucrânia para o alargamento, relacionadas com preocupações sobre as minorias húngaras no país e, de forma mais geral, para contestar o corte de verbas comunitárias a Budapeste pelo desrespeito do Estado de direito.

Uma vez que, nas duas últimas cimeiras, a Hungria bloqueou conclusões sobre as novas regras migratórias e tem vindo a dizer que o pode voltar a fazer sobre as decisões em cima da mesa na cimeira de dezembro, Budapeste acaba por ser vista como ovelha negra no contexto europeu, de acordo com as fontes europeias, que falam numa posição mais emotiva de Viktor Orbán “pela forma como o país é tratado”.

No Conselho Europeu de dezembro será também discutida a revisão do orçamento da UE a longo prazo, que prevê uma reserva financeira para apoiar a reconstrução da Ucrânia de 50 mil milhões de euros.

O objetivo é que tal mecanismo para Kiev seja aprovado no âmbito da revisão intercalar do Quadro Financeiro Plurianual 2024-2027, mas numa altura em que a UE já avançou com 16,5 mil milhões de euros de assistência macrofinanceira à Ucrânia um plano B seria reforçar este último programa.

A visita de Charles Michel surgiu a três semanas de os líderes da UE decidirem sobre o início das negociações formais para a adesão da Ucrânia à UE, depois de a Comissão Europeia ter recomendado, em meados deste mês, que o Conselho avance dados os esforços feitos por Kiev para cumprir requisitos, embora impondo condições como o combate à corrupção.

A decisão cabe agora ao Conselho da UE, na formação de Assuntos Gerais, e deverá ser tomada no dia 12 de dezembro, mas o aval final será dado pelos chefes de Governo e de Estado da União, que se reúnem em cimeira europeia poucos dias depois, a 14 e 15 de dezembro, em Bruxelas.

A Ucrânia obteve o estatuto de país candidato em meados de 2022.