“Esta embarcação está a operar desde 05 e agosto e faz um percurso de cerca de três quilómetros, entre quinta-feira e domingo, tendo transportado cerca de mil pessoas, com uma taxa de ocupação de 80%. Estes números ficaram muito acima das nossas expectativas”, explicou à Lusa a presidente da Fundação Côa Parque, Aida Carvalho.
A embarcação é movida a energia solar, o que permite um novo modelo de visitas às gravuras rupestres do território, resultado de um investimento de 60 mil euros.
O barco solar transporta os visitantes num troço de rio de mais de três quilómetros, entre o novo cais da Canada do Inferno e o novo sítio de visitação (Fariseu), onde se encontra o maior painel de arte rupestre conhecido ao ar livre.
Segundo a responsável, a embarcação será retirada do Côa na última semana de novembro para passar a operar a partir de dezembro no rio Douro, ficando atracada no cais fluvial do Pocinho (Vila Nova de Foz Côa), para dar início a um novo percurso que visa mostrar a fauna e flora deste rio.
O novo percurso no rio Douro irá vigorar até maio de 2022, sendo que o objetivo é também dar a conhecer a arquitetura vernácula, como os pombais, os muros tradicionais do Douro ou o património da desativada linha férrea entre o Pocinho e Barca D’Alva, no distrito da Guarda.
Esta deslocação da embarcação para o Douro está relacionada com a falta de condições de navegação nas águas do Côa, porque o caudal deste rio sobe e não permite este tipo de visita às gravuras, em consequência da existência da ensecadeira que ficou, que resulta do abandono da construção da barragem do Côa por decisão do governo de então, liderado pelo primeiro-ministro António Guterres.
Aida Carvalho disse ainda à Lusa que o desmantelamento da ensecadeira que ficou da construção da Barragem do Baixo Côa, travada em 1996, “não é um processo simples [porque] envolve vários ministérios”.
Em 1996, o governo, atendendo à opinião dos especialistas acerca da enorme importância artística e científica das gravuras do Côa, e ao grande número de sítios que se foram descobrindo desde 1991, decidiu abandonar a construção da barragem.
Foi nesse momento que o Parque Arqueológico do Vale do Côa foi criado para proteger e mostrar ao público o importante complexo de arte rupestre ali existente. O Vale do Côa constitui-se como o maior conjunto mundial de arte paleolítica ao ar livre.
A embarcação, de fabrico nacional, “é toda construída com recurso a materiais sustentáveis, estando em linha com uma nova estratégia que a Fundação Côa Parque [FCP] quer implementar no Parque Arqueológico do Vale do Côa [PAVC], de acordo com as orientações definidas pela Organização das Nações Unidas [ONU] através da agenda 2020-2030 “, explicou à Lusa a presidente desta Fundação, Aida Carvalho.
Com sete metros de comprimento e capacidade para 12 pessoas, o barco é autossustentável e atinge uma velocidade de cruzeiro na casa dos cinco nós (cerca de 9,2 quilómetros por hora).
A classificação dos núcleos de gravuras rupestres como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).
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