Penso que não nos preparámos, não nos preparámos ao nível do que devíamos ter feito […] Não estamos pior do que estávamos e sabemos muito mais do que aquilo que sabíamos. Agora que podíamos ter feito muito mais nestes sete meses para nos prepararmos e organizarmos mais, isso seguramente, isso digo-o objetivamente”, disse a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos.
Ana Paula Martins foi recebida hoje à tarde em audiência pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito de um conjunto de reuniões promovidas pelo chefe de Estado com responsáveis do setor da saúde sobre o combate à pandemia.
A bastonária entende que houve “um défice de coordenação” involuntário e que “claramente existem dificuldade de planeamento na área da saúde” para respostas que devem existir, acrescentando que os últimos sete meses deviam ter servido para esse planeamento.
Ana Paula Martins defendeu que além da resposta ao dia-a-dia da pandemia, devia ter sido encontrado “um pedaço para preparar o futuro” que se sabia que iria acontecer.
“Penso que essa parte para preparar o futuro falhou”, disse.
A bastonária deixou ainda críticas à forma como tem sido feita a comunicação da pandemia, afirmando que “tem sido bastante irregular” e que o contexto exige “quatro ou cinco mensagens muito direcionadas, que envolvam as pessoas e que as façam sentir-se responsáveis”.
“Penso que a comunicação tem falhado. Poderíamos e deveríamos comunicar melhor e deveríamos ter campanhas nos meios de comunicação social. As conferências de imprensa respondem a necessidades específicas, mas não são as conferências de imprensa que tiram as dúvidas dos portugueses ou que lhes dão confiança nem que os chamam ao que é voluntariamente a sua responsabilidade”, disse.
A bastonária defendeu que “é preciso continuar a insistir todos os dias” em “coisas básicas” como os processos individuais de proteção contra a covid-19, que podem ser comunicadas de forma eficaz em campanhas em meios de comunicação social para as quais podem ser chamadas figuras públicas.
“[O combate à pandemia não se faz] com normas que às vezes as pessoas não percebem, às vezes com decisões que depois estamos três ou quatro dias a discutir se a decisão pode ser ou não pode ser implementada”, disse.
“Se não forem os portugueses a querer quebrar esta transmissão e a responder à covid, nós nunca conseguiremos fazer isso através de processos normativos. Não é possível. Cria tensão, cria problemas de coesão que devemos tentar evitar”, acrescentou.
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