Catarina Martins falava hoje aos jornalistas, em Lisboa, na conferência de imprensa após a Mesa Nacional do BE, órgão máximo do partido entre convenções, recordando que, na terça-feira, vai ser debatido o projeto de resolução do BE sobre o Programa de Estabilidade para que se "mantenham as metas já acordadas com Bruxelas para o défice", e se possa "utilizar a folga do crescimento económico, para ter serviços públicos mais robustos".

"Temos a expectativa de que esse projeto de resolução possa vir a ser aprovado pelos vários partidos, e esperamos poder ter o voto do PS nesta matéria, porque estamos certos de que o PS se manterá comprometido com a atual solução política e com a ideia fundadora do nosso compromisso, não entre partidos, mas com a população de que aqui estamos para dar prioridade às pessoas", desafiou.

A coordenadora do BE sublinhou que "a Mesa Nacional do BE tem a expectativa de que seja possível manter a solução política" existente até hoje.

"Estamos muito determinados, muito convictos nela. É uma solução política parlamentar, que é negociada no parlamento e é negociada nos termos exatos com que o temos feito todos os anos: melhorar as condições de vida de quem vive do seu trabalho, proteger os serviços públicos e parar o empobrecimento do país", lembrou.

Catarina Martins sublinhou que, olhando para o caminho que foi feito, "foi dando prioridade às pessoas em lugar de pôr no centro da política a obsessão do défice, como fizeram governos anteriores, que pode permitir crescimento económico e consolidação das contas públicas".

"O debate da próxima semana será importante para se manter a estabilidade da atual solução política", alertou.

Quando questionada sobre as consequências do chumbo do projeto de resolução do BE, a líder bloquista disse apenas: "O BE não está aqui para criar instabilidade. Pelo contrário, está aqui para criar estabilidade".

Para Catarina Martins estabilidade é, por exemplo, "as pessoas saberem que há uma solução política, discutida no parlamento, que não permite cortes nos seus salários e nas suas pensões".

"É a primeira vez que o BE, nesta legislatura, apresenta um projeto de resolução sobre matérias ligadas com o Programa de Estabilidade", recordou.

Mais do que "perguntar os sentimentos de alma do BE", a coordenadora do BE sugeriu que seja o PS a perguntar-se "o que é que está a acontecer no país".

"E o que está a acontecer é que o país está a recuperar porque demos prioridade às pessoas em lugar da obsessão do défice. Então o que temos a continuar a fazer? É continuar a pôr as pessoas no centro", disse.

Na opinião da deputada do BE, "se o PS responder a estas perguntas estará tão determinado" como os bloquistas a "continuar um trabalho que possa melhorar as condições de vida no nosso país".

"Parece-nos perigoso que uma qualquer obsessão por ir para metas além das de Bruxelas no défice, ponha em causa não só a expectativa popular de melhoria de condições de vida, mas a própria consolidação orçamental", avisou.