Numa nota do BE a que a agência Lusa teve acesso, o partido começa por se referir a afirmações de Jair Bolsonaro "a propósito da morte do ativista estudantil e militante político Fernando Santa Cruz, dado como desaparecido em 1974, em plena ditadura militar naquele país".
"Sabendo-se que está em preparação uma visita oficial do presidente da República do Brasil a Portugal, prevista para o início de 2020, o Bloco de Esquerda considera que esta, a concretizar-se, sinalizaria ao povo irmão do Brasil que o governo português é conivente com o constante desrespeito à democracia demonstrado pelo atual governo", critica.
Por isso, os bloquistas consideram "inaceitável a realização desta visita", deixando claro que "Jair Bolsonaro não é bem-vindo a Portugal e o Ministério dos Negócios Estrangeiros deve cancelar a visita o quanto antes".
Em 19 de julho, em entrevista à Lusa, na cidade cabo-verdiana do Mindelo, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, disse que o presidente brasileiro deverá visitar Portugal no início de 2020.
No comunicado enviado à Lusa o BE lembra: "Interpelando diretamente o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, filho de Fernando Santa Cruz, Bolsonaro usou de ironia para dizer que ‘um dia' contará ao presidente da OAB como o pai desapareceu ‘no período militar', adiantando que Felipe Santa Cruz ‘não vai querer saber a verdade'".
Depois, numa rede social, Bolsonaro afirmou que Fernando Santa Cruz não foi morto pelos militares, mas, sim, pela sua própria organização, a Ação Popular.
"As afirmações de Jair Bolsonaro causaram uma onda de indignação generalizada, até partilhada por muitos que o têm defendido e apoiado em outras ocasiões", apontam os bloquistas.
Perante estes factos, na perspetiva dos bloquistas, "os portugueses e o Governo não podem ficar indiferentes face a um presidente que, como diz nota da OAB, parece ignorar os fundamentos do Estado Democrático de Direito, entre eles ‘a dignidade da pessoa humana, na qual se inclui o direito ao respeito da memória dos mortos'".
"O Bloco de Esquerda recorda ainda que este é apenas o episódio mais recente envolvendo um governo que tem sido marcado pelo desrespeito às comunidades indígenas, pelo aumento descomunal do desmatamento da Amazónia, pelos ataques à Educação e aos direitos dos trabalhadores", elenca ainda.
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