A Procuradoria-Geral da República confirmou esta quinta-feira ao Correio da Manhã que os mais de 2,5 milhões de euros doados para ajudar no tratamento da bebé Matilde, que nasceu com atrofia espinhal muscular tipo I, estão a ser investigados.

Em 2019, os pais da criança lançaram uma campanha solidária online para conseguirem comprar o medicamento mais caro do mundo, Zolgensma - uma injeção de dose única, apresentada como terapia genética dirigida à raiz da doença que afeta a bebé -, da empresa Avexis, que pertence à farmacêutica Novartis. Em duas semanas foram amealhados dois milhões de euros, o valor necessário, mas o Estado português acabou por assumir o encargo com o medicamento.

Com o dinheiro, os pais de Matilde garantem já ter ajudado 55 crianças, embora recusem entrar em detalhes com o jornal sobre as ajudas ou sobre o valor despendido. O casal diz ao CM que o "processo é transparente", mas não avança com valores concretos, dizendo apenas que o dinheiro "pertence à Matilde". "Será usado para todos os tratamentos, terapias e equipamentos que a Matilde necessite", explicam.

Questionados sobre a administração do dinheiro, o processo de seleção dos casos e a quem pagam tratamentos ou equipamentos, os pais explicam que "as ajudas são feitas mediante as necessidades das crianças e as transferências são sempre feitas diretamente para as clínicas, empresas e hospitais". Ambos recusam a ideia de ter transferido o valor dos donativos para uma associação de solidariedade, sublinhando que jamais iriam "colocar a vida e o futuro da nossa filha na mão de terceiros".