Após mais de duas semanas de perseguição sem obter resultados desde os ataques que deixaram 32 mortos em 22 de março, um porta-voz da procuradoria federal belga, Thierry Werts, fez um novo apelo à população durante uma conferência de imprensa. A procuradoria difundiu nas redes sociais e na internet um vídeo no qual se vê o suspeito, captado por diferentes câmaras de segurança, a sair do aeroporto da capital belga quando as outras bombas já tinham sido detonadas. "As pessoas que possam ter imagens de vídeo ou fotos tiradas no itinerário que o suspeito utilizou ou as pessoas que possam oferecer informações podem manifestar-se", indicou o porta-voz Eric Van der Sypt, que forneceu números de telefones local (0800 30 300) e para chamadas do estrangeiro (003225544488).

O suspeito deixou o aeroporto depois de as bombas explodirem, segundo o vídeo difundido pela polícia. Atravessou a localidade de Zaventem, onde se encontra o aeroporto, e continuou a pé até Bruxelas, deixando pelo caminho um casaco de cor clara. É possível vê-lo a falar ao telemóvel enquanto foge, sem correr. A procuradoria também publicou um mapa que mostra o seu itinerário e as horas a que as câmaras de segurança o registaram. No vídeo, a polícia belga vai mostrando e identificando cada uma das ruas e espaços onde o homem foi visto. O chamado "homem do chapéu" chegou a uma rua situada a apenas 900 metros das instituições europeias e da estação de metro de Maalbeek, onde também explodiu uma bomba a 22 de março. "A sua roupa poderia fornecer importantes pistas se fosse encontrada", destaca o pedido das autoridades, referindo especificamente o casaco que foi abandonado, e descrevendo depois as outras peças de roupa e o calçado do bombista.

As ligações entre os bombistas de Bruxelas e Paris

Nesta investigação com múltiplas ramificações europeias, um primeiro homem, Fayçal Cheffou, detido em 24 de março, era suspeito, com base num testemunho, de ser o terceiro terrorista do aeroporto. Mas a investigação posterior não confirmou essas suspeitas e ele foi libertado a 28 de março. Outro homem, de origem paquistanesa, também chegou a ser suspeito, mas foi libertado depois de vinte e quatro horas.

Única certeza, os três homens-bomba - Ibrahim El Bakraoui e Najim Laachraoui no aeroporto, Khalid El Bakraoui no metro Bruxelas - estão diretamente relacionados com os autores dos ataques que fizeram 130 mortos e centenas de feridos a 13 de novembro, em Paris. Também estão ligados ao suspeito-chave Salah Abdeslam, que preparou a logística da carnificina parisiense, preso a 18 de março, em Bruxelas, depois de mais de quatro meses foragido. Os irmãos El Bakraoui também alugaram apartamentos que serviram de esconderijos na Bélgica para os comandos de 13 de novembro. Quanto a Laachraoui, ele é considerado como o artífice da célula terrorista que cometeu os massacres em Paris e Bruxelas.

Duas outras pessoas procuradas

Além disso, um homem, conhecido sob a falsa identidade de Naim Al Hamed, tem chamado a atenção dos investigadores belgas. De acordo com uma fonte próxima da investigação, as suas impressões digitais foram encontradas no apartamento de Bruxelas de onde partiram os extremistas do aeroporto, e onde 15 quilos de explosivos foram encontrados. As impressões digitais revelaram que ele se tinha infiltrado no meio dos migrantes que passaram pela ilha grega de Leros a 20 de setembro.

Finalmente, a justiça belga procura um homem que falou com Khalid El Bakraoui no metro, pouco antes do ataque suicida. Mas nada indica, neste momento, que ele estaria envolvido com os membros do comando de Bruxelas. Três indivíduos, Yassin A., Mohamed B. e Abubaker O., foram presos no dia 27 de março e a sua detenção foi prolongada nesta quinta-feira. "Eles fariam parte do círculo de amigos dos irmãos El Bakraoui", de acordo com uma fonte próxima da investigação. Mas os promotores não confirmam esta informação e recusam-se a dizer se eles poderiam estar envolvidos nos assassinatos de 22 de março.

De acordo com o ministério da Saúde belga, 57 pessoas feridas no aeroporto de Zaventem e na estação de metro de Maelbeek ainda estão hospitalizadas, e 28 continuam nos cuidados intensivos. Num comunicado, a ministra da Saúde, Maggie De Block, indicou que as equipas médicas "começaram a atuar no apoio psicológico" aos pacientes, a fim de "ajudá-los neste longo processo de cura mental".