Numa entrevista publicada na semana passada pelo portal Notícias ao Minuto, André Ventura falou sobre uma "excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas”.

Numa entrevista publicada na segunda-feira pelo jornal i, questionado sobre de que minorias falava, André Ventura afirmou que há pessoas que "vivem quase exclusivamente de subsídios do Estado" e que acham "que estão acima das regras do Estado de direito", considerando que tal acontece particularmente com a etnia cigana.

“Eu tenho imensos relatos em Loures de situações em que são ocupados imóveis ilegalmente e a câmara nada faz para os tirar de lá. Porquê? Porque seria racismo e xenofobia. Mas não é racismo, é fazer cumprir a lei”, declarou.

Reagindo esta tarde às declarações do candidato do PSD e do PPM (O CDS retirou-lhe hoje o apoio), o cabeça de lista da CDU no município e presidente da Câmara de Loures afirmou que tais "insinuações dão uma imagem errada do concelho" e "não correspondem de todo à verdade".

"Vejo essas insinuações do candidato André Ventura com estranheza, até porque o atual executivo é composto por dois vereadores do PSD e um deles tem pelouros ligados à questão da integração [Contrato Local de Segurança]. Loures é um concelho multicultural e integrador", sublinhou Bernardino Soares.

O autarca, que falava aos jornalistas à margem de uma visita ao bairro da Torre, na freguesia de Camarate, ressalvou que todos os munícipes são tratados da mesma forma e que nenhum deles é discriminado ou favorecido, independentemente da raça, etnia ou religião.

"Não tratamos ninguém de forma diferente. Problemas sociais existem em todo lado, mas não podem ser apresentados como foram", observou, acrescentando que a média do rendimento mínimo de inserção no concelho é de cerca de 100 euros.

Quando questionado pelos jornalistas sobre se o PSD deveria retirar a confiança política a André Ventura, Bernardino Soares afirmou que a decisão cabe "única e exclusivamente aos sociais-democratas", mas pediu que o debate político se faça com "elevação".

O caso tem suscitado várias reações dos diferentes partidos, sendo que o Bloco de Esquerda já se queixou à Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial, ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados.

Do lado do PS, a reação a estas declarações surgiu através da secretária-geral adjunta, Ana Catarina Martins, que instou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, a retirar a confiança política a André Ventura.

Já durante o dia de hoje o CDS-PP anunciou que vai seguir "um caminho próprio" nas eleições autárquicas em Loures, abandonando a coligação com o PSD e expressando "profundo incómodo" pela forma como o candidato se referiu à comunidade cigana.

Por seu turno, o PSD reforçou o seu apoio ao candidato, lamentando que o CDS não mantenha esse apoio.

A Câmara Municipal de Loures é presidida desde 2013 pelo comunista Bernardino Soares.

O atual executivo é ainda composto por quatro vereadores da CDU, por quatro do PS e por dois da Coligação Loures Sabe Mudar (PSD, MPT e PPM).

Além de Bernardino Soares e de André Ventura, concorrem ao município o bloquista Fabian Figueiredo e a socialista Sónia Paixão.

As eleições autárquicas decorrem a 1 de outubro.

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