“A Bielorrússia acordou. Não somos mais a oposição, somos a maioria. A revolução pacífica está a acontecer”, declarou Svetlana Tikhanovskaya, falando por videoconferência numa reunião extraordinária da comissão de Assuntos Externos do Parlamento Europeu, dedicada à situação na Bielorrússia.
Em declarações prestadas remotamente a partir da cidade lituana de Vílnius, onde está exilada, a responsável sublinhou que esta “não é uma revolução geopolítica”.
“Não é contra nem a favor da Rússia, nem contra ou a favor da UE, é uma revolução democrática” que “é guiada pela força das pessoas que querem eleger os seus líderes e determinar o seu destino”, vincou Svetlana Tikhanovskaya.
E apelou: “Peço a todos os países do mundo para respeitarem o direito da autodeterminação e a independência da Bielorrússia, bem como a sua integridade territorial”.
De acordo com Svetlana Tikhanovskaya, “a exigência do povo bielorrusso é simples: eleições livres e justas”.
“É isto que move as pessoas nas ruas. É este o desejo de toda a nação”, notou, numa alusão à onda de protestos que tem juntado milhares de pessoas nas ruas do país.
Lamentando que o país esteja a enfrentar “uma profunda crise” política e social, Svetlana Tikhanovskaya assegurou que “a intimidação [das autoridades] não vai prevalecer”, dado que o povo bielorrusso “não vai desistir”.
“Manifesto a nossa prontidão para negociar e a abertura para receber mediação das organizações internacionais para facilitar o diálogo”, adiantou a responsável, observando que “o povo merece mais, a Europa merece mais”.
Aplaudindo à rejeição, por parte dos líderes europeus, dos resultados da eleição presidencial de 09 de agosto, bem como a declaração de apoio dos partidos do Parlamento Europeu, Svetlana Tikhanovskaya manifestou ainda “a gratidão do povo bielorrusso pelo apoio” da UE.
A Bielorrússia está a ser palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulenta.
Esta segunda-feira, a Bielorrússia entrou na terceira semana de protestos populares, na sequência das eleições de 09 de agosto, que segundo os resultados oficiais reconduziram Alexander Lukashenko, no poder há 26 anos, a um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição denuncia a eleição como fraudulenta e milhares de bielorrussos saíram às ruas por todo o país para exigir o afastamento de Lukashenko.
Em resposta ao agravamento da crise, a UE acordou impor sanções contra as autoridades bielorrussas ligadas à repressão e à fraude eleitoral.
A principal adversária de Lukashenko nas presidenciais, Svetlana Tikhanovskaya, que segundo os números oficiais obteve 10% dos votos, refugiou-se na Lituânia dois dias após as eleições.
A capital da Lituânia, Vilnius, dista apenas cerca de 170 quilómetros da capital bielorrussa, Minsk, e o país acolhe muitos bielorrussos no exílio.
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