O Centro Cultural Solar dos Condes de Vinhais é o palco da III Bienal Jorge Lima Barreto, uma iniciativa do município do distrito de Bragança, com um programa preenchido com concertos, oficinas, conferências, exposições e instalações.

As diferentes ofertas culturais são gratuitas com a exceção dos concertos previstos para cada uma das noites da bienal, com um bilhete único para as três, que custa 12 euros, ou o preço de cinco euros por noite, como explicou à Lusa o vereador da Cultura da Câmara de Vinhais, Artur Marques.

Esta terceira edição da bienal pretende ir ao encontro da “Aventura Musical” de Jorge Lima Barreto, “assumindo o compromisso de educar para a criatividade, para a música viva aliada à comunicação estética, para a arte como forma de estar e para a liberdade de pensamento”, como destacou o autarca.

“Porque é esta trajetória que Jorge Lima Barreto seguiu e defendeu com toda a coerência e perseverança”, acrescentou.

Durante o fim de semana da terceira edição, “12 artistas nacionais e estrangeiros pisarão o palco do Teatro Municipal do Centro Cultural de Vinhais, dos quais se destaca o concerto dos Telectu com António Duarte e Vítor Rua que é uma revisitação ao álbum Belzebu (1983), obra iconográfica da qual Jorge Lima Barreto foi mentor”, como divulgou a autarquia.

Entre os nomes anunciados estão também o baterista Chris Cutler e o guitarrista alemão Jochen Arbeit, bem como o português Tó Trips, guitarrista que integra atualmente os Dead Combo, Nuno Reis e Gimba.

Participarão ainda Bárbara do Canto Lagido, Helena Espvall, Marco Franco, Bernardo Devlin, Ilda Teresa Castro, Luís Lima Barreto, Kersten Gladien, Gonçalo Falcão, Feliciano de Mira, Rui Duarte e Luís Mendes de Almeida.

“Arte é Vida é Arte” é o lema da bienal que nesta terceira edição contará com a participação num dos espetáculos de Luís Lima Barreto, irmão do homenageado, segundo adiantou o vereador Artur Marques.

A iniciativa foi criada para homenagear e lembrar um dos maiores musicólogos portugueses, natural de Vinhais.

Jorge Lima Barreto morreu em 2011 aos 61 anos e foi fundador dos Anar Band, com Rui Reininho, Associação Conceptual de Musica e o Anar Jazz Trio, com Carlos Zíngaro e António Pinho Vargas, os Telectu, com Vítor Rua, e Zul Zelub, com Jonas Runa.

Destacou-se, também, pelas correntes musicais desenvolvidas em torno da música minimal repetitiva, experimental e eletrónica, como conferencista, jornalista e pela vasta obra discográfica e bibliográfica publicada.

Licenciado em História da Arte, Jorge Lima Barreto deixou mais de 20 obras publicadas das quais se destacam “Revolução no Jazz” (1979), “Jazz-Off” (1973), “Grande Música Negra” (1975), “Jazzband” (1976), “Música Minimal Repetitiva” (1983), “Nova Música Viva” (1983), “Musa Lusa” (1997), “Musonautas” (2001).

Algumas das suas obras constituem uma referência bibliográfica imprescindível a músicos e musicólogos.

Em 2013, o município de Vinhais atribui-lhe louvor público, tendo sido entregue a Medalha de Mérito Municipal, a título póstumo, e no ano seguinte promoveu a primeira bienal para “perpetuar, aprofundar e divulgar o trabalho de Jorge Lima Barreto, como músico, musicólogo, performer, escritor e, acima de tudo como referência incontornável da música improvisada, minimal repetitiva e experimentalista, abrindo pistas para o estudo e compreensão da arte musical”.

De acordo com o autarca, a bienal chama a Vinhais “especialistas, conhecedores da obra e curiosos” e mesmo as gentes locais também têm aderido nas edições anteriores.

Com este evento, o município transmontano quer contribuir para a projeção cultural desta região do interior, onde, como disse Artur Marques, “tudo é mais difícil de acontecer, mas onde as vontades são maiores do que as distâncias”.