Elizabetta Piqué, autora do livro "Francisco: Vida e Revolução" (2013), que já foi adaptado a filme, é uma dos 69 jornalistas que viajam hoje a bordo do avião que leva Francisco de Roma até à base aérea de Monte Real, para o início da visita a Fátima, a que a repórter atribui "um significado muito importante".

"Para o papa, o importante é que se manifeste a fé popular. Se houve visões, segredos, quantos segredos, isso não é importante. O importante é que as pessoas vão [ao santuário] e o importante é esta manifestação de fé, esta devoção popular, que é um facto", afirmou a vaticanist', correspondente do jornal argentino La Nación.

Segundo Elizabetta Piqué, "se são ou não verdade as visões, isso não é importante" para o papa argentino.

Sobre a visita de Francisco a Fátima, no centenário das "aparições", a repórter defendeu que a canonização dos pastorinhos Francisco e Jacinta, no sábado, "marca um novo período" para a Igreja Católica, por as duas crianças não serem mártires.

Além disso, a mensagem de Fátima "está relacionada com as guerras" e o papa Francisco "está muito preocupado com o que se está a passar no mundo, com o terrorismo, conflitos, a guerra na Síria, que já dura há seis anos", relatou Elizabetta Piqué.

Francisco tem repetido a sua preocupação com o que diz ser uma "terceira Guerra Mundial em pedaços".

Por outro lado, o líder da Igreja Católica tem-se manifestado contra a "exclusão de milhares de pessoas, os ilegais, as injustiças, o tráfico de pessoas".

"Podemos esperar novamente um apelo para que o mundo possa curar-se de todas estas coisas e que esteja atento a estas realidades destas periferias", defendeu a jornalista de origem argentina, que está acreditada junto do Vaticano desde 1999.

Sobre a ligação de Francisco à mãe de Jesus, Elizabetta Piqué referiu que "o papa é um grande devoto da Virgem Maria", é "um homem de voto mariano".

Após a sua eleição como papa, há pouco mais de quatro anos, "mencionou Nossa Senhora de Fátima no seu primeiro Angelus, lembrando quando a imagem da Virgem esteve em Buenos Aires, em 1992".

Além disso, a data de 13 de maio, dia em que os três pastorinhos relataram ter visto Maria pela primeira vez, há 100 anos, é também marcante do ponto de vista pessoal, para Jorge Bergoglio.

Segundo a sua biógrafa, num determinado momento, Francisco foi enviado para uma "espécie de exílio" para Córdoba, uma cidade a 1.200 quilómetros da capital argentina, onde esteve durante 22 meses.

Foi num dia 13 de maio que a hierarquia católica o avisou que, em breve, seria nomeado bispo auxiliar de Buenos Aires.

Elizabetta Piqué nasceu em Florença, em Itália, mas é de origem argentina. O seu livro deu origem ao filme "Francisco: Rezem por mim".

O papa vai estar hoje e sábado em Fátima para celebrar o centenário das "aparições" de 13 de maio de 1917 e para canonizar os beatos Francisco e Jacinta Marto.

Francisco, que partiu de Roma às 13:12, chegou à Base Aérea de Monte Real cerca das 16:10, onde foi recebido pelo Presidente da República, primeiro-ministro e presidente da Assembleia da República, além do Núncio Apostólico, do presidente da Conferência Episcopal Portuguesa e do bispo de Leiria-Fátima.

Jorge Mario Bergoglio é o quarto papa a visitar Fátima. Os anteriores papas que estiveram no maior templo mariano do país foram Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991, 2000) e Bento XVI (2010).