“Estou envolvido. Acho que era necessário e que é para levar para a frente. E mesmo quando me despedi dele [papa Francisco] aqui em Fátima, disse assim: ‘Santo padre, a reforma da igreja é para levar para a frente’. E ele disse-me: ‘Sim, é para levar para a frente'”, afirmou à Lusa, António Marto, após ter sabido que foi hoje nomeado pelo papa para o Conselho dos Cardeais.
“Este papa está a levar para a frente uma reforma da igreja, para que seja mais evangélica. A igreja serva, pobre, a igreja de portas abertas para todos, a igreja que oferece a misericórdia do Senhor em todas as situações. Isto é a marca do pontificado. Uma igreja que estende pontes para todos os lados, e que não vive fechada em si, que não é autorreferencial, que não está a contemplar o seu umbigo, que não está fechada só nos seus problemas internos, mas que procura construir um mundo melhor”, acrescentou.
O Conselho dos Cardeais é constituído pelos “conselheiros do papa, que ele reúne para escutar quando são os grandes problemas da igreja e, depois, para atribuir serviços concretos nas várias congregações do Vaticano, que são ministérios”, explicou.
“Agora não sei o que me reserva. Não faço ideia”, sublinhou.
António Marto descreveu que estava hoje a paramentar-se quando soube que tinha sido nomeado, através de uma mensagem de voz da Nunciatura Apostólica, mas saiu da sacristia e prosseguiu com a cerimónia.
“Procurei estar o mais calmo possível. Foi uma surpresa completa. Nunca na vida me passou pela cabeça. Não estava à espera, fiquei surpreendido, nervoso, apetecia-me chorar, mas contive-me, procurei manter a calma durante toda a celebração e não dizer a ninguém”, descreveu.
Esta nomeação “é uma nomeação pessoal, atribuída à pessoa, e o papa Francisco surpreende com todas essas nomeações. (…) Se há alguma distinção eu atribuo-a à diocese”, realçou o bispo.
António Marto, que o papa vai elevar à condição de cardeal no consistório marcado para 29 de junho, está à frente da Diocese de Leiria-Fátima desde junho de 2006.
O seu trabalho à frente da diocese de Leiria-Fátima ficou, até agora, marcado pelas visitas ao Santuário de Fátima dos papas Bento XVI e Francisco, pelas cerimónias de canonização dos videntes Francisco e Jacinta Marto — presididas pelo atual pontífice aquando do centenário das “aparições” — e pela abertura da Basílica da Santíssima Trindade.
A partir do próximo consistório, o prelado junta-se, no Colégio Cardinalício, a José Saraiva Martins, Manuel Monteiro de Castro e Manuel Clemente.
Natural de Tronco, no concelho de Chaves, onde nasceu a 05 de abril de 1947, António Marto foi ordenado padre em Roma, em 07 de novembro de 1971, tendo feito estudos de especialização em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana, onde fez a licenciatura e o doutoramento, que concluiu com a tese sobre “Esperança cristã e futuro do homem. Doutrina escatológica do Concílio Vaticano II”.
Atualmente, vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), foi presidente da Comissão Episcopal para o Ecumenismo e a Doutrina da Fé.
Além de António Marto, o papa Francisco anunciou hoje que vai nomear outros 13 novos cardeais a 29 de junho.
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