"Já por várias vezes o governo disse que ia anunciar medidas para as rendas. Estamos no final do ano e estes comerciantes estão sem saber o que vão fazer à sua vida, há já vários que encerraram, há muitos que estão perto da falência. Resolver o problema das rendas e acabar com rendas especulativas sobre pequenos comércios que têm quebras de faturação é um passo essencial para recuperar a economia no país, para mantermos a economia no país", defendeu, à saída de uma reunião com a Associação de Comerciantes do Porto.

Lembrando que o pequeno comércio vive há nove meses com restrições de horários e de lotação e com períodos de encerramento, a bloquista mostrou-se muito preocupada com a situação, nomeadamente em cidades de "grande especulação imobiliária" onde o pequeno comércio está a pagar rendas "absolutamente proibitivas".

"No centro do Porto, um pequeníssimo comércio paga um balúrdio de renda. Facilmente, diziam-nos aqui hoje, 100 metros quadrados pagam 1.500 euros de renda e não pode funcionar, neste momento, normalmente", observou.

Para Catarina Martins, se nada for feito sobre as rendas do comércio, o país corre o risco de ficar sem pequeno comércio.

"É inaceitável que, ao mesmo tempo que os comerciantes têm toda esta quebra de faturação, os proprietários possam continuar a exigir, nomeadamente no centro do Porto e de Lisboa, rendas absolutamente especulativas, isso tem de ser travado, tem de ser possível manter o pequeno comercio, porque se nada for feito, quando esta pandemia acabar, nós não temos pequeno comércio", disse.

A coordenadora do Bloco de Esquerda considerou que o encerramento destes estabelecimentos representa não só uma perda para a economia e para o emprego, mas também uma perda cultural a que o país "não se pode dar ao luxo".

O presidente da Associação dos Comerciantes do Porto, Joel Azevedo, defendeu em 24 de novembro que é necessário que os apoios anunciados pelo Governo e município cheguem rapidamente aos comerciantes, sob pena de os estabelecimentos que ainda "resistem" encerrarem portas.

À data, o dirigente referiu que a grande maioria dos estabelecimentos comerciais no Porto ainda "resiste", mas há outros em grandes dificuldades ou que já encerraram.

"A grande maioria está a resistir, depois dependente de setor para setor, a restauração está com grandes dificuldades, a restauração no centro da cidade virada para o turismo com mais dificuldade ainda, tudo o que é movida e algum retalho está com grandes dificuldades, mas os bens alimentares e similares está tudo razoavelmente tranquilo", observou.

Através do programa Apoiar.pt, o Governo vai atribuir um apoio a fundo perdido até 7.500 e 40 mil euros às micro e pequenas empresas do comércio, restauração e atividades culturais com quebras homólogas de faturação superiores a 25%. Nas empresas de animação noturna estes valores são majorados em 50%.

Na mesma semana, vários comerciantes da baixa do Porto, em declarações, à Lusa, diziam temer que as restrições à circulação devido à pandemia condenem o Natal e as perspetivas de sobrevivência do setor que regista quebras na ordem dos 50%, reclamando mais apoios para fazer face às despesas fixas.

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