Em declarações aos jornalistas junto à estação do Campo Grande, Catarina Martins considerou incompreensível “ter-se começado tantas obras ao mesmo tempo” e “não ter existido nenhum plano para assegurar a mobilidade das pessoas durante as obras” de alargamento da rede de metropolitano na capital.

“O BE propôs na Câmara de Lisboa, já há um ano, um plano de contingência para a mobilidade nesta altura, Carlos Moedas manteve o plano na gaveta durante um ano, nem sequer o quis debater. Lá foi obrigado a votá-lo, ele foi aprovado, mas numa altura em que já está instalado o caos e, entretanto, temos as empresas de transporte a dizer que não é possível, que não há soluções, que não conseguem arranjar mais transportes”, lamentou.

A líder bloquista apontou que “quando há um evento importante”, como um jogo de futebol, “há carreiras alternativas”, e quando for a Jornada Mundial da Juventude, em agosto, “tem de haver reforço de transportes”.

“O que dizemos é que se trate com o mesmo respeito quem precisa dos transportes todos os dias para ir trabalhar e para ir estudar, como se trata quando é necessário para um grande evento desportivo ou para um grande encontro internacional”, defendeu.

Catarina Martins disse ser incompreensível “por que é que também não é possível encontrar carreiras alternativas e aumentar a oferta de transportes” no dia-a-dia, alertando que “a situação em que estão neste momento as pessoas que trabalham e que vivem em Lisboa é absolutamente intolerável, é insuportável, as pessoas estão a perder horas em transportes, não há transportes, há locais onde não há mesmo ligação”.

“Quem trabalha ou quem vive em Lisboa não precisa que lhe digam que vai existir um plano de contingência, precisa mesmo que ele exista”, defendeu.

Apontando que esta situação é “absolutamente inaceitável” e que “tornar a cidade impossível para transportes coletivos é uma absoluta irresponsabilidade”, a coordenadora do Bloco apontou que, para resolver a situação, “vai ser preciso gastar dinheiro, sim, vai ser preciso contratar”, e defende que deve haver uma “divisão de custos” entre a autarquia e o executivo.

“O problema é que tanto a Câmara de Lisboa como o Governo fazem de conta que está tudo bem, não vemos ninguém a tratar da solução”, criticou.

A coordenadora do BE esteve hoje de manhã junto ao metropolitano do Campo Grande, em Lisboa, onde ouviu testemunhos das dificuldades sentidas por algumas pessoas, entre os quais de dirigentes do partido, não tendo entrado na estação.

Questionada sobre a projeção da Comissão Europeia que prevê o crescimento do PIB português para 2,4%, Catarina Martins referiu que “o crescimento da economia tem significado também mais receita para o Estado” e questionou a forma como essas receitas estão a ser investidas.

“Não vemos que esteja [a ser] onde é fundamental, por exemplo nos transportes, na saúde ou na educação”, defendeu.

Também questionada sobre as audições, marcadas para esta semana, do ministro das Infraestruturas, João Galamba, e do seu ex-adjunto Frederico Pinheiro na comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP, a líder dos bloquistas salientou a importância de se perceber “exatamente como é que são tomadas as decisões, para responsabilizar quem tiver de ser responsabilizado por más decisões, mas também para que nunca se repita a irresponsabilidade” que foi vista na TAP “em nenhuma área do Estado”.