“Nós estaremos sempre a conversar e a ver soluções, mas, como eu repito sempre, as negociações fazem-se à mesa”, respondeu Catarina Martins aos jornalistas, à margem de uma visita à Feira do Livro de Lisboa, quando questionada sobre se já há reuniões marcadas com o Governo para esta semana para a negociação do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022).
Interrogada sobre as medidas anunciadas pelo líder do PS e primeiro-ministro, António Costa, no congresso socialista do passado fim de semana, a líder do BE referiu que “a recuperação do país e o investimento tem de ter alguma consequência nos salários, nas condições concretas de vida das pessoas”, motivo pelo qual “as condições do trabalho são tão importantes”.
“É por isso que dizer às pessoas, principalmente às gerações mais jovens e precárias, que elas estão condenadas ao ‘outsourcing’ ou a vincular com uma empresa de trabalho temporário, é dizer que haverá sempre um intermediário que vai ficar com o salário delas e que estão completamente desprotegidas, portanto é um mau início de conversa”, criticou.
De acordo com Catarina Martins, “nas propostas do Governo não há um início de conversa sobre esta reivindicação tão simples que é que as pessoas tenham direito a um contrato com a entidade para a qual verdadeiramente trabalham”.
“Julgo que [António Costa] apresentar como definitivas matérias que sabe que a esquerda não pode aceitar porque significam a precarização contínua de várias gerações não é uma solução para recuperação do país e o que nós queremos é soluções para recuperação do país. Um bom início de conversa é nós reconhecermos que gerações qualificadas têm de ter direito a contratos qualificados”, defendeu.
Perante a insistência dos jornalistas para saber a data das reuniões sobre o OE2022, a líder do BE afirmou que têm “vindo sempre a conversar”.
“Já me reuni muitas vezes com o primeiro-ministro, sim. A propósito de muitos assuntos, incluindo o orçamento”, respondeu.
A líder bloquista reiterou a “muita disponibilidade” para negociar, mas mantendo as preocupações sobre “a saúde, a transparência, o sistema financeiro”.
“E esta condição básica: pensões dignas e acesso à reforma para quem trabalhou toda uma vida, descongelamentos para quem tem salários congelados há décadas e que os trabalhadores precários, que não têm nenhum vínculo, possam ter direitos de trabalho como qualquer outro trabalhador”, apontou.
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