No debate quinzenal no parlamento, Catarina Martins disse que o BE “não está surpreendido” com os resultados hoje divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística, segundo os quais a economia portuguesa cresceu 2,75% no conjunto de 2017, o ritmo de crescimento anual mais elevado desde 2000 e mais 1,2 pontos percentuais do que no ano anterior.
Estes resultados, defendeu, dão razão à “política de recuperação de salários e pensões” mas permitem “ir mais longe” para “transformar o crescimento em medidas concretas”, nomeadamente na legislação laboral para combater a precariedade, para a valorização dos salários e para aumentar o investimento público.
Destacando o setor da saúde, área em que “há caminho feito” - Catarina Martins perguntou ao primeiro-ministro quando é que abrem os concursos para 640 médicos poderem concorrer à especialização, um problema que “preocupa o país todo”.
“Há 700 mil utentes do Serviço Nacional de Saúde sem médico de família e há 640 médicos à espera de serem contratados”, criticou, afirmando que o primeiro-ministro tinha dito em janeiro que estaria "por dias".
Na resposta, o primeiro-ministro, António Costa, reafirmou que aqueles concursos serão abertos mas admitiu que o Governo não tem ainda uma data fixada para o fazer.
Catarina Martins insistiu neste ponto, frisando que os médicos “estão à espera há dez meses” e questionando se quem toma as decisões sobre os concursos é o ministro da Saúde ou o ministro das Finanças.
Em tom irónico, António Costa respondeu que quem decide “é o governo e o conjunto dos seus membros, incluindo até o primeiro-ministro”.
No debate, a deputada insurgiu-se contra o "sorvedouro de dinheiros públicos" para os hospitais e clínicas privadas e propôs ao governo a "internalização dos meios de diagnóstico", questionando o primeiro-ministro sobre quais as metas do Governo nesta área.
"Tem o governo algum objetivo nesta matéria? Com que números é que quer acabar a legislatura tanto na internalização dos meios de diagnóstico como no reforço do financiamento do Serviço Nacional de Saúde e para estancar a sangria que tem saído de dinheiro do público para o privado na saúde?”, perguntou.
A deputada disse que a “sangria de dinheiro” do público para o privado na saúde é “um problema para o qual não se vê solução”, frisando que neste momento “50% do volume de negócios dos privados é pago pelo Estado, 30% dos quais diretamente do SNS”.
Só em análises e meios de diagnóstico contratualizados com os privados são “1200 milhões de euros” pagos pelo Estado, disse, considerando que este montante “mostra bem o desperdício de dinheiro público”.
“Se fossem feitos no público ficava mais barato para toda a gente”, criticou.
Na resposta, António Costa disse que as metas são as que estão no programa do Governo mas, advertiu, “não tem a ver com a repartição entre público e privado” e sim “com a qualidade dos serviços”.
“As metas são chegar ao final da legislatura sem nenhum português sem médico de família, é ter uma média de 600 camas de cuidados continuados abertas por ano, cem novas Unidades de Saúde Familiares”, disse.
[Notícia atualizada às 17:21]
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