Estas medidas para o combate à propagação da covid-19 na Área Metropolitana de Lisboa são apresentadas pela coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, hoje, em conferência de imprensa, antecedendo a interpelação deste partido ao Governo, na quarta-feira, no parlamento, sobre “a resposta à covid-19 na Grande Lisboa nos transportes e na habitação”.
No projeto de resolução, o Bloco de Esquerda exige que o Governo, “no imediato, coloque em circulação todas as carruagens à disposição para a Linha de Sintra, bem como assegure que existem carruagens de reserva para essa linha suficientes para casos de sobrelotação ou outros problemas técnicos”.
O Bloco de Esquerda pretende também que o executivo, “com urgência, execute um estudo para a reformulação das frequências dos comboios na Linha de Sintra, com foco para as horas de ponta onde se têm registado comboios sobrelotados, por forma a acrescentar garantias de segurança”.
Outra medida defendida pelos bloquistas passa pela adoção de um plano no sentido de se acionar “um complemento rodoviário ao transporte ferroviário, que faça o mesmo percurso da linha identificada, garantindo a mobilidade dos passageiros em condições que cumpram as normas de segurança e saúde pública exigíveis”.
Para o Bloco de Esquerda, em Portugal, no combate à covid-19 “nem tudo correu bem e os problemas começaram ainda durante o estado de emergência”.
“Este Grupo Parlamentar questionou por várias ocasiões, por perguntas escritas ou interpelações a membros do Governo, sobre a supressão de oferta e a redução do número de carruagens e relatos de situações de impossibilidade de cumprir o distanciamento físico exigido entre utentes. Quando se começou a equacionar a reabertura gradual da economia e da vida no país, voltamos a questionar e a lançar o alerta: Nesta nova fase, um dos maiores desafios é, sem dúvida, a forma como se organizam os transportes públicos por forma a garantir a mobilidade da população em segurança”, sustenta-se na introdução do projeto de resolução do Bloco de Esquerda.
Para os bloquistas, “apesar de diretrizes da DGS [Direção-Geral da Saúde] para o setor dos transportes, há problemas que se mantêm e urgem ser resolvidos, com uma especial relevância para a situação vivida na região de Lisboa”.
“Na Área Metropolitana de Lisboa movimentam-se milhares de pessoas diariamente. Se já havia problemas identificados na Linha de Sintra e na Linha da Azambuja, por exemplo, durante o estado de emergência (e até bem antes da situação de pandemia), eles intensificaram-se desde que a fase de desconfinamento começou”, lê-se no mesmo texto.
Na perspetiva do Bloco de Esquerda, a situação atual na região de Lisboa ao nível do número de infetados tem lançado muitas preocupações.
“Muita explicação se tem tentado encontrar para justificar este crescimento, mas poucas ou nenhumas vezes o Governo quis debater de forma séria e responsável um alerta que vem sendo dado há vários meses, seja por este Grupo Parlamentar [do Bloco de Esquerda], seja por milhares de trabalhadores e utentes de transportes públicos. Não se pode continuar a ter uma narrativa que assenta unicamente na responsabilidade individual sem olhar para um dos maiores desafios que enfrentamos: O crescente número de pessoas que tem que utilizar o transporte público porque não tem outra opção”, adverte esta força política.
Por isso, para o Bloco de Esquerda, “é preciso garantir, no imediato, que seja colocada toda a capacidade existente nas linhas mais sobrelotadas, com especial enfoque na Linha de Sintra”.
“Não somos alheios aos problemas infraestruturais que precisam de solução há muitos anos. Apesar disso, não pode o Governo optar pela inércia ou falta de soluções. É, por isso, urgente colocar a capacidade existente nesta Linha, bem como avançar para o estudo da reorganização do tráfego ferroviário por forma a obter um espaçamento temporal menor entre comboios, sempre que possível e com foco nas horas de ponta”, defende-se ainda neste diploma.
Comentários