A Academia Sueca disponibilizou hoje na Internet a "extraordinária e, como seria de esperar, eloquente" palestra que encerra a "aventura" de Bob Dylan.

O músico tinha até 10 de junho para entregar a "palestra Nobel" e poder receber os 824 mil euros de prémio monetário.

No texto, Bob Dylan quis refletir e demonstrar a ligação entre as canções que compôs e a literatura que leu, discorrendo longamente sobre três obras em particular, que lhe forneceram matéria de inspiração para várias canções: "Moby Dick", de Herman Melville, "A Oeste nada de novo", de Erich Maria Remarque, e "Odisseia", de Homero.

Para Bob Dylan, todos esses livros, assim como outros clássicos, como "D. Quixote" e "Robinson Crusoe", deram-lhe "uma certa perspetiva de encarar a vida, um conhecimento sobre a natureza humana e uma medida para todas as coisas".

Às influências literárias, Bob Dylan junta ainda a reverência a uma figura tutelar, o músico Buddy Holly, que morreu num desastre de avião em 1959, aos 22 anos. "Ele era o arquétipo. Tudo o que eu não era e queria ser", escreveu Bob Dylan.

Do ponto de vista lírico, Bob Dylan reconhece marcas dos autores que leu, mas avisa: "Escrevi sobre todo o tipo de coisas nas minhas canções. E não me vou preocupar com isso, com o que significam".

Para o final do discurso, o músico e escritor sentencia que "as canções não são como literatura. Foram feitas para serem cantadas e não lidas".

"E espero que alguns de vocês possam ouvir estas letras da forma que elas foram pensadas para serem ouvidas: Num concerto ou num álbum ou noutra forma qualquer em que as pessoas ouvem hoje as canções. Regresso mais uma vez a Homero, que diz 'Canta, ó Musa, e por mim conta a história’", declarou.

A Academia Sueca anunciou em outubro de 2016 a atribuição do Nobel da Literatura a Bob Dylan, "por ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana".

O músico não esteve presente, em dezembro, na atribuição do Nobel em Estocolmo, alegando outros compromissos, enviou uma mensagem de agradecimento e fez-se representar pela cantora Patti Smith, que atuou na cerimónia.

No entanto, em abril, Dylan recebeu a medalha e o diploma em Estocolmo, cidade onde se encontrava para dois concertos.

No ‘site’ oficial da Academia Sueca pode ainda ouvir-se aquele discurso pela voz do próprio Bob Dylan.

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