“Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência”, diz o comunicado.
O chefe de Estado brasileiro acrescentou: “Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos valores em comum”.
A nota é uma resposta à polémica criada após Alvim parafrasear uma frase do ministro da propaganda nazi Joseph Goebbels num vídeo sobre o Prémio Nacional das Artes, divulgado na noite de quinta-feira.
“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo ou então não será nada”, disse Alvim no vídeo divulgado na conta oficial da Secretaria de Cultura.
Em sua defesa, Roberto Alvim usou a rede social Facebook para dizer que a questão não passava de "uma falácia da esquerda" sobre "uma coincidência retórica" entre as suas afirmações e o discurso do ministro nazi.
“O que a esquerda está fazendo é uma falácia de associação remota: com uma coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte, estão tentando desacreditar todo o Prémio Nacional das Artes, que vai redefinir a Cultura brasileira”, escreveu.
A palavra nazismo está entre os tópicos mais citados na rede social Twitter, desde a madrugada de hoje.
O presidente da câmara baixa parlamentar do país, Rodrigo Maia, reagiu à citação afirmando que “o secretário da Cultura passou todos os limites".
"É inaceitável. O Governo brasileiro deveria afastá-lo urgentemente do cargo”, advogou.
A Confederação Israelita do Brasil divulgou uma nota classificando como “inaceitável o uso de discurso nazi pelo secretário da Cultura do governo [do Presidente Jair] Bolsonaro, Roberto Alvim”.
“Emular a visão do ministro da Propaganda nazi, de Hitler, Joseph Goebbels, é um sinal assustador da sua visão de cultura, que deve ser combatida e contida. Goebbels foi um dos principais líderes do regime nazi, que empregou a propaganda e a cultura para deturpar corações e mentes dos alemães e dos aliados nazis, a ponto de cometerem o Holocausto”, frisou o comunicado.
Logo que tomou posse, o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, declarou uma “guerra contra o marxismo cultural”.
Um dos seus primeiros atos foi extinguir o Ministério da Cultura, tornando-o uma secretaria dentro da pasta da Cidadania que, no final do ano, foi transferida para o Ministério do Turismo.
Ao longo dos meses, os principais organismos públicos de promoção cultural foram ocupados por elementos com ideias conservadoras e cuja nomeação geraram críticas de artistas no país.
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