“Conversámos com Donald Trump e trocámos informações sobre um problema que é mundial”, disse Jair Bolsonaro, que insistia em chamar a pandemia provocada pelo novo coronavírus de “gripezinha”.

No entanto, o chefe de Estado brasileiro, terça-feira à noite, moderou o tom para admitir, num pronunciamento ao país através da cadeia de rádio e televisão, que se trata do “maior desafio desta geração”.

Hoje, numa declaração de apenas alguns minutos, Bolsonaro anunciou um novo pacote financeiro de apoio a medidas para “manutenção de empregos”, que é uma das suas maiores preocupações diante da pandemia, e a favor dos estados e municípios do país.

O valor total dessas ajudas, que não foram totalmente detalhadas, será de cerca de 110 mil milhões de reais (cerca de 19,5 mil milhões de euros).

Somando outras medidas já anunciadas na semana passada, o valor ascende aos 200 mil milhões de reais (34,8 mil milhões de euros), ou seja, o equivalente a 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, informou o ministro da Economia brasileiro, Paulo Guedes.

Após as breves palavras de Bolsonaro, Paulo Guedes enquadrou essas medidas na “missão do Governo de defender a saúde e o emprego dos brasileiros”, incluindo os trabalhadores informais [sem contrato de trabalho], que no país sul-americano são cerca de 40 milhões e representam cerca de 35% da população economicamente ativa.

“A intenção é que tenham recursos para enfrentar a primeira onda” desta crise, que é a “saúde”, porque logo chegará “a segunda onda, que será a desarticulação económica”, afirmou o ministro.

O tom de Bolsonaro mudou nas últimas 24 horas em relação à pandemia, após durante semanas ter subestimado a covid-19, classificando-a de “gripezinha” e “histeria”.

Embora não haja um posicionamento assumido, a mudança de Bolsonaro coincidiu com um movimento na mesma direção de Donald Trump, a quem o Presidente brasileiro tem como modelo e que, na terça-feira, admitiu de forma crua a realidade da pandemia nos Estados Unidos da América, alertando que o país deve estar preparado para a morte de pelo menos 100.000 pessoas.

O Brasil é o país da América Latina mais afetado pelo novo coronavírus, tendo registado até terça-feira 5.717 infetados e 201 mortos.

Segundo o executivo brasileiro, a taxa de mortalidade da covid-19 no Brasil é agora de cerca de 3,5% e todas as regiões do Brasil têm mortes confirmadas pelo vírus.

São Paulo continua a ser o estado brasileiro mais afetado, totalizando 136 mortos e tendo ultrapassado hoje os dois mil infetados, registando 2.339 casos confirmados.

Segue-se o Rio de Janeiro com 23 óbitos e 708 infetados e o Ceará que, até ao momento, contabilizou sete vítimas mortais e 390 casos positivos da covid-19.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 870 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram cerca de 44 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com mais de 470 mil infetados e cerca de 32.000 mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 13.155 óbitos em 110.574 casos confirmados até terça-feira.

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