“Nós temos neste momento a informação objetiva de que existe um risco iminente. (…) Não vou abrir um sítio que objetivamente é definido pelos bombeiros como uma ratoeira e uma bomba-relógio”, afirmou, em declarações aos jornalistas, Rui Moreira.

À margem da apresentação da programação da Feira do Livro, o autarca independente salientou que não haverá solução se os músicos não reconhecerem o “risco iminente” de segurança que existe no Stop, onde há mais de 20 anos várias frações foram transformadas em estúdios e salas de ensaio.

Questionado sobre a contraproposta apresentada pelos músicos na passada quarta-feira, Rui Moreira considerou “extravagante” o facto de os músicos autorizarem a autarquia a ter um carro de bombeiros em frente ao edifício.

“Quando os músicos dizem que autorizam a câmara a ter lá um carro dos bombeiros, eu acho que não vale muito a pena”, referiu, rejeitando não ter gostado do “tom” em que foi redigido o documento.

“Eu percebo que as pessoas que me escrevem aquela carta têm uma única obsessão compreensível, querem estar lá a funcionar, como eu quero que lá estejam a funcionar. Tenho toda a compreensão”, observou.

Dizendo não ser “nenhum ogre” que decide tomar medidas “por autoritarismo”, Rui Moreira disse que o objetivo da autarquia foi evitar que “morram lá [no Stop] pessoas”.

“Aquilo que nós tentamos, nas medidas que propusemos às associações e também aos proprietários do edifício, a quem cabe em última análise garantir a responsabilidade sobre o que lá se passa, foram medidas de mitigação de risco que não obedecem a um critério comercial ou programático”, referiu.

E acrescentou: “eu não me perdoaria se lá dentro morresse alguém”.

O autarca independente salientou que, quando os músicos chegarem a um entendimento, a autarquia estará disponível para se reunir com os músicos e lojistas.

“A administração do condomínio aceitou. Agora as outras pessoas têm de se entender umas com as outras. Não nos cabe a nós fazer casamentos entre músicos, essa incumbência ainda não é da câmara”, afirmou.

A Associação Alma Stop enviou na quarta-feira uma contraproposta à câmara que, entre outras questões, solicita a reabertura imediata do espaço e aceita a criação de um alerta direto para o Regimento de Sapadores Bombeiros do Porto de forma a "garantir uma resposta rápida em caso de emergência”.

Em resposta à Lusa, a Câmara do Porto escusou-se a comentar a contraposta, lembrando que esperava uma posição comum e apelando a que os representantes se entendessem.

"O que ficou definido foi que esperávamos uma posição comum das duas associações que representam os músicos e os lojistas [do centro comercial Stop], após o acordo da administração do condomínio, pelo que não faremos neste momento qualquer comentário com relação ao documento enviado. Pedimos às duas associações que se entendam", afirmou a autarquia.

Mais de uma centena de lojas do centro comercial Stop foram seladas em 18 de julho pela Polícia Municipal por "falta de licenças de utilização para funcionamento".

Dias depois, o presidente da Câmara, Rui Moreira, admitiu que o espaço poderia reabrir desde que cumpridas medidas de segurança, nomeadamente ter em permanência um carro de bombeiros, com cinco operacionais, mas não mais do que 12 horas.

A 24 de julho, o administrador do condomínio do Stop, Ferreira da Silva, assinou um acordo da autarquia que compromete a administração a "adotar e fazer adotar comportamentos de segurança e de medidas de autoproteção e mitigação do risco de incêndio”.

Como alternativa ao centro comercial, a câmara apresentou como soluções a escola Pires de Lima ou os últimos pisos do Silo Auto.