“Todos os casos em que uma pessoa está numa estrada, naturalmente num país que é um país desenvolvido e que nós queremos que seja mais desenvolvido, em que há entidades que fiscalizam, que regulam e que têm obrigações nesta área e de repente a estrada desaparece, naturalmente que o Estado falhou”, defendeu Assunção Cristas.
Para a líder dos centristas, “há sempre um responsável máximo e esse é o Governo e o primeiro-ministro [António Costa]”.
Falando aos jornalistas no final de um passeio por algumas das ruas que são consideradas um “supermercado” de compra e venda de droga na região de Lisboa, Cristas fez questão de enviar as condolências “à família das vítimas e aquelas que ainda estão por ser resgatas neste momento".
A líder centrista reforçou que, perante esta tragédia, "que podia ter sido ainda pior", ouvir o primeiro-ministro, António Costa, "a dizer que vai averiguar junto de uma direção-geral, com franqueza parece muito pouco".
"É inacreditável que agora estejam a perguntar a uma direção-geral [de Geologia] e que, infelizmente, a ação do Governo nestas questões, quando há algum problema, tem vindo a ser repetidamente a mesma. Ou seja, não tem nada a ver com eles, não sabiam e não são responsáveis. E naturalmente isto é lamentável", reiterou.
CDS pede ao Governo todas as fiscalizações a pedreiras em Portugal
O CDS-PP pediu hoje, ao Governo, o levantamento de todas as fiscalizações a pedreiras em Portugal nos últimos dois anos, na sequência do acidente em Borba, onde morreram duas pessoas, na segunda-feira.
A pergunta foi entregue hoje, no parlamento, pela bancada do CDS, horas depois de o Ministério do Ambiente e da Transição Energética ter pedido uma inspeção ao licenciamento, exploração, fiscalização e suspensão de operação das pedreiras situadas na zona de Borba.
No texto da pergunta, os centristas questionam o ministério por que motivo esta fiscalização “não incide sobre todas as pedreiras situadas em território nacional, de modo a prevenir outras fatalidades”.
O CDS pede ainda que o executivo forneça ao parlamento “o levantamento de todos os atos de fiscalização efetuados em pedreiras, a nível nacional, ao longo dos últimos dois anos”.
No texto, os centristas recordam que os distritos com mais pedreiras "abandonadas são Leiria (cerca de 110) e Évora (cerca de 100)" e que só na zona de Vila Viçosa e Borba "existirão cerca de 80 pedreiras abandonadas, mas alegadamente mais de metade não tem plano ambiental e de recuperação paisagística válido e aprovado, ou por não o ter de todo ou por não ter pago a caução exigida".
O deslizamento de um grande volume de terra e o colapso do troço da Estrada Nacional 255 entre Borba e Vila Viçosa, no distrito de Évora, para o interior de uma pedreira ocorreu na segunda-feira às 15:45.
Segundo as autoridades, o colapso de um troço de cerca de 100 metros da estrada terá arrastado para dentro da pedreira contígua, com cerca de 50 metros de profundidade, uma retroescavadora e duas viaturas civis, um automóvel e uma carrinha de caixa aberta.
As autoridades localizaram no dia do acidente os corpos de dois homens que circulavam numa retroescavadora.
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