Paulo Guichard, ex-administrador do BPP (Banco Privado Português), que foi condenado em vários processos ligados ao banco, foi detido esta sexta-feira quando regressava do Brasil — país onde residia há vários anos.

Segundo adiantou a mesma fonte, Paulo Guichard está detido no estabelecimento prisional de Custóias, tendo para cumprir aquela pena de prisão.

A fonte policial acrescentou que, estando detido para cumprimento de uma pena de quatro anos e oito meses, fica sem efeito a deslocação, hoje, do ex-administrador do BPP ao juízo central criminal de Lisboa para reavaliação das medidas de coação.

Em comunicado, Polícia Judiciária, através da Unidade de Informação Criminal, confirma que "executou, ontem, um mandado de detenção para cumprimento de pena".

"O detido, com 61 anos, de nacionalidade portuguesa, foi condenado a uma pena única de quatro anos e oito meses de prisão efetiva pela prática de seis crimes de falsidade informática e um crime de falsificação de boletins, atas ou documentos", salienta a nota enviada às redações.

Num requerimento, a que a Lusa teve acesso, o advogado de Paulo Guichard referia que, a fim de dar cumprimento do seu dever processual de comparecer perante a autoridade judiciária quando para tal convocado, o ex-banqueiro regressaria Portugal durante esta semana.

"Logo que tiver chegado a Portugal, o arguido informará o tribunal dessa sua chegada. O arguido propõe-se apresentar e entregar o seu passaporte a este tribunal no dia seguinte ao da sua chegada a Portugal, e sempre antes das 14:00 do dia 8 de outubro de 2021", indica o requerimento de Nuno Brandão, advogado de Paulo Guichard, dirigido à juíza do Juízo Central Criminal de Lisboa.

"Perante o enorme abalo social provocado pela fuga do arguido João Rendeiro (ex-presidente do BPP) e as suspeições públicas que de imediato se fizeram sentir sobre o risco de ser o próximo arguido deste processo a subtrair-se à ação da Justiça, é intenção do arguido Paulo Guichard passar novamente a residir em Portugal", mencionava o requerimento.

"O imediato regresso do arguido a Portugal – onde vive a sua família (mãe, filhos, irmã e sobrinhos) e, fruto do apoio familiar que nunca lhe foi regateado, tem condições de manter uma vida integrada e socialmente responsável, sem cometer crimes – é a prova provada de que tenciona não se subtrair à Justiça nacional", conclui o requerimento do advogado de Paulo Guichard.

Paulo Guichard, Salvador Fezas Vital e Fernando Lima foram condenados, por acórdão de 14 de maio passado, em penas de prisão efetiva, e estão sujeitos a Termo de Identidade e Residência (TIR), tendo o MP considerado agora adequado promover a reponderação das medidas de coação, com vista a proibir os arguidos de se ausentarem de Portugal, devendo os mesmos entregar os respetivos passaportes.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais,  envolvendo crimes de burla qualificada, falsificação de documentos e  falsidade informática, assim outro um processo relacionado com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancárias.