Em conferência de imprensa, o coordenador da Secção Regional de Investigação do Branqueamento e das Infrações Tributárias da Polícia Judiciária do Norte, Henrique Correia, disse que a investigação do caso foi desencadeada quando se detetaram contas bancárias tituladas por indivíduos de nacionalidade estrangeira com movimentos considerados anómalos.

“As contas eram abertas, eram depositadas nelas quantias em numerário que eram transferidas quase de imediato para o estrangeiro. E isso chamou-nos a atenção”, disse Henrique Correia.

“Em muitas destas contas, o titular não era conhecido das autoridades, a abertura das contas não era feita por esse titular. O titular pura e simplesmente não deixava rasto”, acrescentou.

A investigação levou as autoridades a um armazém funcionado como plataforma logística para as operações suspeitas e que era também sede de uma empresa que não apresentava qualquer declaração fiscal desde 2014.

Henrique Correia escusou-se a adiantar a localização exata da plataforma, mas outra fonte policial disse à agência Lusa que se situa na chamada "Chinatown" da Varziela.

Trata-se de uma zona com centenas de armazéns titulados, na sua maioria, por cidadãos chineses, no concelho de Vila do Conde, distrito do Porto.

O coordenador da Polícia Judiciária confirmou apenas que algumas buscas no âmbito da operação decorreram naquela zona.

Ao todo, ocorreram cerca de 40 buscas, efetuadas nos concelhos de Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Porto, Vila Nova de Gaia e Sintra,

Nesta operação com o nome de código “Albare” (do latim, “branquear”) foram detidas seis pessoas – cinco homens e uma mulher - indiciadas pela presumível prática de crimes de associação criminosa, branqueamento, fraude fiscal qualificada e venda, circulação ou ocultação de produtos ou artigos contrafeitos.

São todos estrangeiros, com residência legal em Portugal, mas Henrique Correia, não adiantou a nacionalidade. Têm idades compreendidas entre os 34 e os 57 anos e são empresários.

A dois detidos são imputados também crimes de falsificação de documentos, auxílio à imigração ilegal e tráfico de estupefacientes.

Vão ser presentes na quinta-feira às autoridades judiciárias para interrogatório e aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.

Em comunicado, a Diretoria do Norte da PJ diz que, durante esta operação, desenvolvida no âmbito de inquérito titulado pelo Ministério Público de Vila do Conde, foram apreendidas 18 viaturas automóveis, a grande maioria de gama alta, cerca de 350 mil euros em notas, equipamentos informáticos e telemóveis, “uma quantidade assinalável de mercadorias contrafeitas ou sem os devidos documentos de suporte fiscal no valor presumível de três milhões de euros”.

Também se apreenderam dezenas de documentos de identificação, passaportes e cartas de condução internacionais presumivelmente falsas, além de variada documentação de natureza contabilística e fiscal.

A operação policial envolveu 300 elementos, incluindo ainda a participação de investigadores da Polícia Judiciária da Diretoria do Centro e das unidades de Braga, Aveiro e Vila Real e a colaboração da Direção de Finanças do Porto da Autoridade Tributária, do Destacamento Territorial de Matosinhos da Guarda Nacional Republicana, da Unidade Regional do Norte da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e da Direção Regional do Norte do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.