De acordo com o jornal Estadão, que cita informações recolhidas junto do Tribunal Superior Eleitoral, o número de observadores em outubro deverá triplicar comparativamente com as eleições presidenciais de há quatro anos, vencidas por Jair Bolsonaro.

Na terça-feira, o presidente do TSE, Edson Fachin, frisou ainda que as autoridades ainda não desistiram de contar com representantes europeus na observação das eleições.

Um dia depois, na quarta-feira, durante uma audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, o ministro da pasta, Carlos França, olhou com “estranheza” para essa possibilidade.

“Vi com certa estranheza porque acho difícil que possamos ter como observador eleitoral no Brasil uma organização da qual nós não fazemos parte. Isso envolve, claro, a nossa participação. O segundo ponto é o fato de que a União Europeia não costumar desdobrar missões eleitorais para as eleições dos seus próprios membros,” afirmou.

O TSE confirmou, numa nota oficial, que para as eleições de outubro haverá missões de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA), do Parlamento do Mercosul e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Este aumento ímpar de observadores surge após o conflito constante de Bolsonaro com o Supremo Tribunal, que o tem investigado por desinformação sobre a pandemia de covid-19 e o processo eleitoral, sobre o qual o Presidente tem semeado sérias suspeitas, apesar da sua elevada fiabilidade certificada por observadores internacionais.

O Presidente brasileiro chegou ao ponto de acusar, sem provas, os juízes do Supremo Tribunal de agirem a favor da eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o favorito nas sondagens para as eleições presidenciais.

Durante esta semana entrou com ações contra um juiz do Supremo Tribunal Federal e hoje mesmo voltou a atacar a justiça eleitoral ao discursar no Rio de Janeiro e sugeriu que haverá uma “sombra de suspeição” sobre as eleições presidenciais marcadas para outubro próximo, porque o TSE não teria acatado sugestões do Exército a respeito da contagem de votos no país.

“As Forças Armadas foram convidadas a participar do processo eleitoral, e não vão ser jogadas no lixo suas sugestões e observações (…) Não podemos enfrentar um sistema eleitoral [sobre o qual] paire a sombra da suspeição”, disse o chefe de Estado brasileiro.

Atualmente o chefe de Estado brasileiro aparece em segundo lugar na corrida presidencial, com cerca de 30% de apoio, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que tem mais de 40% de apoio na média das sondagens de intenção de voto divulgadas no país.