"Aspiro a que a Inglaterra continue agarrada à Europa como sempre esteve, sempre defendeu os valores fundamentais da Europa, sobretudo no século passado", disse hoje de manhã à agência Lusa Artur Santos Silva, à margem de uma conferência internacional sobre supervisão e regulação do setor financeiro, que decorre hoje em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, entidade de que também é presidente.
Artur Santos Silva afirmou ainda que o Reino Unido "muito deve à imigração, que é a questão que mais tem dividido os ingleses", e disse não compreender "como é que este problema está posto no referendo".
"Mas estando no referendo, espero que a sociedade aja, não de acordo com populismos e demagogias, mas com os valores na frente do que é o papel de Inglaterra na Europa e no mundo", disse.
O responsável lembrou o papel dos milhões de imigrantes do Reino Unido, nomeadamente no que diz respeito "à viabilidade futura do sistema de Segurança Social" do país e ao nível da realização de "funções que os ingleses não estão dispostos a fazer" ou à competição com os britânicos nas profissões mais qualificadas, lembrando ainda que "a Inglaterra está com uma taxa de desemprego das mais baixas dos 30 últimos anos".
"Num país que tem valores tão fortes e ligações tão fortes à Europa, espero que os ingleses compreendam que o seu futuro e o seu destino é a Europa", sublinhou.
Artur Santos Silva salientou ainda a importância da posição inglesa para os valores dos direitos do Homem, para a afirmação dos valores fundamentais da democracia, como aconteceu na I Grande Guerra e em especial na II Grande Guerra Mundial, "onde foi visível que estavam em confronto sociedades democráticas e sociedades autoritárias e ditatoriais", estas últimas "utilizando métodos deploráveis".
Os britânicos decidem hoje se o Reino Unido continua como membro da União Europeia ou sai, num referendo que se espera participado e disputado e que ameaça turbulência económica e política em caso de ‘Brexit’.
Os eleitores são chamados às urnas para responder à questão “O Reino Unido deve permanecer como membro da União Europeia ou sair da União Europeia?”, assinalando uma de duas opções – “Permanecer na União Europeia” ou “Sair da União Europeia”.
A Comissão Eleitoral prevê uma participação eleitoral próxima dos 80%.
A campanha foi protagonizada, do lado do “Remain”, pelo primeiro-ministro, David Cameron, e, do lado do “Leave”, pelo ex-presidente da câmara de Londres e potencial sucessor de Cameron no partido conservador, Boris Johnson, e pelo líder do eurocético Partido da Independência do Reino Unido (UKIP), Nigel Farage.
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