“Devemos esperar que as condições do ‘Brexit’ estejam completa e definitivamente fechadas para determinar as condições futuras da cooperação entre a União Europeia (UE) e o Reino Unido, mas não duvido que ela existirá”, assegura Parly em entrevista à agência Lusa, hoje em Lisboa.
“E, no que diz respeito a França, temos uma relação bilateral muito estreita com o Reino Unido no domínio da Defesa que continuaremos a cultivar porque consideramos que o Reino Unido é um ator importante em matéria militar e de segurança para o conjunto do continente europeu”, afirma.
Para a ministra, que esteve em Lisboa para participar no I Seminário de Defesa Nacional, onde apresentou as prioridades do Governo francês para o reforço da defesa europeia, não há dúvidas de que essa é também a vontade do Reino Unido: “Tenho a certeza, tendo em vista os contactos que mantenho com o meu homólogo britânico”.
Quando apresentou a sua visão do reforço cooperação europeia em matéria de defesa, o presidente francês, Emmanuel Macron, suscitou reservas em alguns Estados-membros, designadamente em Portugal, e fortes críticas do presidente norte-americano, Donald Trump, ao defender a “criação de um exército europeu”.
“O exército europeu é uma forma de exprimir uma ambição, a ambição de que os europeus tomem em mãos a sua própria segurança”, clarifica a ministra francesa.
“Durante muito tempo os europeus abrigaram-se atrás da Aliança Atlântica e o presidente dos Estados Unidos hoje pede aos europeus para contribuírem mais para a sua própria segurança. É isso que fazemos”, sublinha.
Florence Parly afirma que “a Europa da Defesa” tem estado a ser construída, “pouco a pouco, mas, diria, muito rapidamente”.
Dá como exemplo vários projetos adotados nos últimos dois anos no âmbito da Cooperação Estruturada Permanente (PESCO), que “permite desenvolver um conjunto de projetos de capacitação”, e do Fundo Europeu de Defesa, “que vai permitir às indústrias de defesa beneficiar de financiamento comunitário para investigação e desenvolvimento e inovação”, no valor de “1,5 mil milhões de euros/ano nos próximos anos”.
Além daquelas iniciativas, a ministra aponta igualmente a Iniciativa Europeia de Intervenção, liderada pela França e integrada por outros 10 países, entre os quais Portugal, e que visa “criar uma cultura partilhada de defesa”.
Em todas estas iniciativas de cooperação, frisa, “trata-se de poder operar em conjunto, agir em conjunto”.
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