“As próximas eleições de maio são uma oportunidade única para caucionar a construção europeia e reclamar mais união entre os povos europeus na defesa dos nossos valores comuns, no nosso modelo de sociedade e dos ideais da liberdade, igualdade e fraternidade”, salientou.

Na opinião do ex-chefe de Estado, “as próximas eleições europeias não são a questão habitual, normal, a que não se presta muita atenção".

"A Europa encontra-se num momento particularmente delicado da sua história, fragilizada pelas vicissitudes do 'Brexit', não sabe como terminará”, apontou.

O antigo Presidente da República falava em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, no decorrer da cerimónia das comemorações oficiais do Dia Nacional dos Centros Históricos Portugueses, da Associação Portuguesa dos Municípios com Centro Histórico, tendo recebido neste ato o prémio “Memória e Identidade”.

À margem desta cerimónia, Jorge Sampaio disse ainda aos jornalistas que a comunidade europeia tem que ser “valorizada”, porque trata-se da “grande conquista” dos últimos 50 anos.

“Não é destrui-la (Europa), e é por isso que as eleições europeias próximas são de uma importância muito significativa, sobretudo para Portugal, porque se nós conseguimos afirmar, massivamente, que vamos às eleições e votamos, estamos a demonstrar que somos mais um peso muito importante na Europa que precisa de ser permanentemente valorizada e fortalecida”, defendeu.

Ainda no decorrer do seu discurso, o antigo presidente da República não esqueceu os problemas que afetam o interior do país, defendendo que esses territórios devem se fazer ouvir.

“É preciso que o interior tenha voz, que se faça ouvir mesmo que seja a gritar, porque é só desta maneira que as pessoas se tornam influentes, que as suas pretensões são obviamente ouvidas de outras maneiras”, disse.

Jorge Sampaio reconheceu, no entanto, que o país deu um “grande salto” nos últimos anos, mas necessita ainda dar um “salto gigantesco” rumo ao futuro.

“Falta população, falta investimento, falta dinheiro, falta tudo isso, mas há que beneficiar deste momento único que estamos todos a viver e há que beneficiar, obviamente, daquilo que a Europa ainda na sua essência mais significativa nos possa vir a ajudar”, disse.

Nesse sentido, Jorge Sampaio defendeu que a Europa poderá ainda ajudar Portugal no futuro, nomeadamente na construção de vários equipamentos.

“Não é para fazer mais rotundas em varias câmaras, já temos rotundas que cheguem, não é para fazer mais carros para andar à volta das rotundas, é fazer mais escolas, para fazer hospitais, centros de saúde, fábricas, desenvolvimento de toda a espécie, é isso que o país necessita”, defendeu.