"Aqueles que contribuíram para a situação do Reino Unido demitiram-se, como (Boris) Johnson e (Nigel) Farage e outros. Eles não são patriotas, porque os patriotas não se demitem quando as coisas se tornam difíceis. Ficam", argumentou o líder do executivo comunitário aos eurodeputados.

Num debate sobre as conclusões da última cimeira de chefes de Estado e do Governo, que se centrou na vitória da opção pela saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), Juncker quis notar que: "os heróis de ontem do Brexit são hoje os tristes heróis do Brexit".

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Juncker reafirmou não compreender que os partidários da saída peçam tempo para afirmarem os seus planos para o futuro. "Em vez de desenvolverem um plano, estão a abandonar o navio", criticou.

Juncker fez ainda eco da mensagem repetida momentos antes pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que sem notificação por parte do Reino Unido do seu desejo de saída não há negociações sobre as futuras relações.

O presidente da Comissão Europeia reafirmou que a participação no mercado único implica o respeito total "pelas quatro liberdades, incluindo a de circulação". 

"Não liquidaremos as nossas liberdades e não existirá mercado único 'a la carte'", insistiu.

Ao mesmo tempo, o ministro austríaco das Finanças, Hans Jörg Schelling, afirmou que a União Europeia terá 28 membros dentro de cinco anos e que é muito provável que os britânicos não deixem a UE. "Dentro de cinco anos, continuaremos sendo 28 membros" na UE", afirmou Schelling ao jornal alemão Handelsblatt.

"Debatemos agora todas as opções: que os britânicos permaneçam na UE e não apresentem a intenção de saída ou um acordo de livre comércio baseado no modelo suíço ou norueguês", disse.

Também pode acontecer um "Brexit parcial, no qual apenas a Inglaterra sai da UE, mas a Escócia e a Irlanda do Norte continuam como membros", opinou o ministro austríaco.

Esta terça-feira, o comissário europeu de Assuntos Económicos, Pierre Moscovivi, criticou a proposta do ministro britânico das Finanças, George Osborne, de reduzir o imposto sobre as empresas a menos de 15% para compensar os efeitos do Brexit.

"Não é uma boa iniciativa", disse Moscovici à rádio francesa Radio Classique. "Não devemos cair na concorrência fiscal exacerbada entre nós, ou no dumping fiscal", completou. "Isto significa uma perda de arrecadação absolutamente considerável para o Tesouro britânico no momento em que há défices muito elevados na Grã-Bretanha", disse.

Osborne anunciou a ideia de reduzir drasticamente o imposto sobre as empresas para compensar o choque do Brexit, o que de acordo com a sua opinião requer uma "economia supercompetitiva".