Numa conferência do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) no Parlamento Europeu, em Lisboa, com o tema “Bem-estar para todos numa Europa sustentável”, António Costa reconheceu que, se a Europa tem muitos problemas, “nenhum seria mais bem resolvido fora da União Europeia ou sem União Europeia”.
“Muitos daqueles que venderam o ‘Brexit’ como uma forma de a Inglaterra recuperar uma dimensão global sentem-se hoje frustrados ao verificar que, ao fim de quase três anos de discussão, foi mais fácil aos 27 Estados membros construir uma posição negocial comum do que encontrar unidade dentro do próprio Reino Unido para negociar com a União Europeia”, sublinhou.
O primeiro-ministro português realçou que, na questão decisiva de como regular a fronteira entre a República da Irlanda e a Irlanda do Norte, a solidariedade europeia ficou do lado da Irlanda contra o Reino Unido.
“Nem um enorme país, uma grande potência militar, um antigo império como o Reino Unido tem mais força isoladamente do que qualquer um dos Estados membros no seio da União Europeia”, defendeu.
Quer nas relações económicas com os outros blocos, como os Estados Unidos ou a China, quer no combate ao terrorismo, Costa defendeu a mesma resposta: “Em conjunto, temos mais força”.
“Nenhum dos verdadeiros problemas que angustiam os cidadãos europeus estará em melhores condições de se resolver fora ou sem União Europeia”, realçou.
Para a campanha eleitoral das próximas europeias, em 26 de maio, Costa defendeu que a Europa tem de focar-se “nas prioridades, medos e angústias” dos cidadãos europeus.
“É focando-nos nesses problemas que podemos reconstruir a confiança e combater o medo”, defendeu, acrescentando que “o medo é o que alimenta o populismo e a confiança é o que reforça a democracia”.
Numa sessão onde foi apresentado o relatório da Comissão Independente para uma Igualdade Sustentável, o secretário-geral do PS retomou os pilares do novo contrato social que os socialistas europeus defendem, e que passa pela aposta no crescimento económico e no emprego, na sustentabilidade e na inovação.
“Fomos alienando o apoio da classe média ao projeto europeu, mas não há democracia sem classe média […]. O maior desafio da nossa família política é provar à classe média que continuamos a ser a sua família política”, disse.
Antes, o cabeça de lista do PS às europeias, Pedro Marques, tinha também abordado a questão do ‘Brexit’, considerando ser importante perceber “porque é que os cidadãos britânicos escolheram sair da União Europeia”.
“Algures pelo caminho formos perdendo as pessoas, fomos abandonando aspetos importantes da dimensão social da União Europeia e afastámo-nos demasiado das preocupações da classe média”, lamentou, considerando que este foi um “passo fértil para os extremismos e nacionalismos”.
Pedro Marques defendeu que o exemplo do Governo socialista em Portugal demonstrou à Europa “que afinal havia uma alternativa” à política de austeridade e era possível “conciliar a recuperação de rendimentos com crescimento económico, criação de emprego e contas certas”.
“Estas políticas que implementámos em Portugal são as que queremos levar para a Europa”, reforçou.
Antes, num debate sobre as respostas progressistas para uma Europa sustentável e inclusiva, a número dois da lista do PS às europeias, Maria Manuel Leitão Marques, deu uma sugestão para recuperar a confiança dos cidadãos europeus.
“Porque não experimentamos um orçamento participativo a nível europeu?”, sugeriu Maria Manuel Leitão Marques que, como ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, foi a impulsionadora deste projeto a nível do Orçamento do Estado nacional.
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