A cinco dias de se saber se há acordo ou não, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros recordou, na escola de quadros da Juventude Popular (JP), em Peniche, Leiria, que “não há memória de uma separação na União Europeia” “Nada garante que uma vez acontecida a primeira [saída] seja a última”, afirmou Portas numa conferência, em tom de aula, com recurso a imagens de ‘powerpoint’, sobre a Europa e o Mundo e em que nunca abordou a situação política portuguesa.
Portas afirmou que, “ao contrário do que pensam fundamentalistas de um lado e do outro”, “o continente precisa do Reino Unido e o Reino Unido precisa do continente”.
Os britânicos precisam do resto da Europa como mercado de exportações, antecipando que, a haver acordo, ele seja traduzido numa união aduaneira, “embora não lhe devam chamar assim”, disse.
E a União Europeia também precisa do Reino Unido, por “questões de segurança”, dado que é um país com armamento nuclear num mundo em que os gastos em defesa são encimados pelos Estados Unidos, seguidos da China, Rússia, Arábia Saudita e índia.
Os primeiros países europeus são França, em sexto, e a Grã-Bretanha, em sétimo, pelo que o Brexit teria como consequência a uma “exiguidade de forças” da Europa em termos mundiais.
“Bastaria a consciência disto” para fazer um acordo”, disse Portas apontado para o ‘powerpoint’ com os gastos mundiais em defesa, do Instituto Internacional de Investigação sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI, sigla em inglês).
Para Portas, a Grã-Bretanha de Theresa May deveria fazer como a ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, que nunca convocou um referendo”, e vivia “com um pé e outro fora, mas sem sair da Europa”.
Já antes, na sua intervenção inicial, advertira que “a Europa conta enquanto estiver unida” e se se “fragmentar a única economia que conta a nível global será a alemã, ainda assim numa posição difícil” relativamente aos Estados Unidos e à China.
Ao longo de mais de 40 minutos, o ex-líder centrista e antigo vice-primeiro-ministro do Governo PSD/CDS, que está afastado da política ativa desde 2015, falou sobre a Europa no Mundo, num jantar-debate com Javier Hurtado Mira, presidente da Juventude Democrática Europeia, e Wilhem Hofmeister, da Fundação Konrad Adenauer.
O ex-MNE do CDS olha a Europa como um continente com problemas de competitividade e que está a ficar para trás na “guerra” da economia digital ou economia 4.0, relativamente aos Estados Unidos e à China.
O “centro de gravidade económico” está a deslocar-se para oriente e a Europa está igualmente a ficar envelhecida, “antiga, zangada, hostil em relação aos outros” num mundo globalizado, referiu.
O continente está envelhecido, tem problemas com a imigração e Paulo Portas defendeu que a Europa tem “um problema com o Islão”.
Porque a UE não é “uma piza neutral de valores”, sublinhou que quem quer vir para a Europa “deve aceitar o ‘ethos’ [hábito ou usos]”, atacando a posição de um conselho consultivo da ONU que “veio dizer que não se pode proibir a burka”
Na Europa, lembrou, “as mulheres não escondem a cara”, disse.
Antes do início do debate, foi anunciado que o vice-presidente da JP Francisco Laplaine Guimarães vai ser candidato nas listas do CDS nas europeias de maio de 2019, por decisão da comissão política nacional da jota.
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