“Agora, as nossas expectativas são de que teremos preços elevados para grande parte, se não todo o ano. Depende da evolução da situação, mas, por exemplo, as nossas previsões de há três semanas baseavam-se na hipótese de que os preços da energia poderiam abrandar na segunda parte deste ano e agora esperamos que se mantenham elevados durante 2022 e isto, naturalmente, contribuirá para uma inflação elevada”, declarou Paolo Gentiloni.

Em entrevista à agência Lusa e outros meios europeus, em Bruxelas, o comissário europeu da tutela da Economia apontou que “o impacto [do confronto na Ucrânia] nos preços da energia é bastante claro”.

“Verificámos um novo aumento de 28% esta manhã nos preços de referência do gás, em comparação com ontem [terça-feira], e isto significa que este preço de referência, o holandês TTF, é 85% mais elevado em comparação com o início da guerra”, ilustrou Paolo Gentiloni.

Ainda assim, “o aumento dos preços do carvão é muito inferior ao do gás”, acrescentou.

De acordo com o responsável, na Europa, “a contribuição da energia para a inflação veio para ficar e isto é parte das consequências orçamentais desta crise”.

Comparando a subida da inflação na energia num ano, o comissário apontou que, em janeiro de 2021, esta percentagem se fixava em -4,2% e, no mesmo mês de 2022, já ascendeu a 28,6%.

“Teremos de enfrentar as consequências orçamentais tanto por causa dos preços da energia e da inflação, como por causa de despesas extraordinárias que poderemos ter para enfrentar esta situação do preço da energia e, em geral, também o apoio à Ucrânia e outras despesas”, adiantou.

A posição surge em altura de acentuada inflação, que atingiu um novo máximo de 5,8% na zona euro, em fevereiro, face aos 5,1% do mês anterior e aos 0,9% registados em fevereiro de 2021, segundo uma estimativa hoje divulgada pelo Eurostat.

Por estes dias, os valores dos preços da energia também batem máximos, com o preço de referência europeu do gás natural, o holandês TTF, a ter disparado hoje para 194,715 euros por megawatt/hora, um máximo histórico impulsionado pela guerra na Ucrânia, dado a Rússia ser grande produtor e exportador de gás.