“Estou muito agradado que os nossos esforços tenham dado frutos e que todos aqueles que estão a bordo estejam, neste momento, a ser desembarcados. Malta, o nosso Estado-membro mais pequeno, foi quem demonstrou maior solidariedade. Quero agradecer pessoalmente ao primeiro-ministro [Joseph] Muscat por ter permitido o desembarque das pessoas a bordo das embarcações das duas organizações não-governamentais”, declarou Dimitris Avramopoulos.
Assumindo entender o “quão difícil é para uma ilha tão pequena lidar com uma situação tão desafiante”, o comissário europeu das Migrações estendeu os elogios aos outros oito Estados-membros, entre os quais Portugal, que manifestaram disponibilidade para acolher os 49 migrantes resgatados no Mediterrâneo há mais de duas semanas e que permanecem no mar ao largo de Malta.
“Gostava de deixar uma palavra de apreço aos países que concordaram receber os migrantes: Alemanha, França, Portugal, Malta, Luxemburgo, Holanda, Itália, Roménia e Irlanda. Todos estes países demonstraram a solidariedade europeia na forma mais concreta possível”, realçou.
Avramopoulos, que falava em conferência de imprensa em Bruxelas, após a primeira reunião do ano do colégio de comissários, foi duro nas palavras, considerando que as últimas semanas não foram “o melhor momento” da União Europeia.
“Quarenta e nove pessoas a bordo de dois barcos no alto mar, durante quase três semanas, não é aquilo que a UE representa. A UE assenta em direitos humanos e solidariedade e se os direitos humanos e a solidariedade não são respeitados então não estamos diante daquilo que é a UE”, vincou.
O comissário europeu revelou que passou os últimos dias a coordenar esforços para encontrar uma solução para tornar possível o desembarque dos 49 migrantes resgatados no Mediterrâneo nos últimos dias de dezembro por navios de duas ONG alemãs possível.
Um dos casos é o navio “Sea Watch 3”, da ONG alemã com o mesmo nome, que resgatou no passado dia 22 de dezembro na rota do Mediterrâneo Central (da Líbia para Itália) um grupo de 32 migrantes.
O outro é o navio "Professor Albrecht Penck", da organização humanitária Sea-Eye, que resgatou outros 17 migrantes no passado dia 29 de dezembro.
“Acreditem que não foi fácil, mas funcionou. Eu próprio estive em contacto com vários ministros e a minha equipa trabalhou dia e noite para alcançar o que finalmente conseguimos hoje. Instei os Estados-membros a demonstrarem mais solidariedade. É uma mensagem que não me cansarei de repetir”, afirmou.
Avramopoulos insistiu na necessidade de encontrar uma solução permanente para a crise das migrações, lembrando a importância de completar a reforma da política de asilo da UE.
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