Em declarações à Lusa, Catarina Ribeiro, Pilar Nieto Guimarães, Margarida Santos e Lucy Dreger contaram que o projeto surgiu durante a cadeira de Empreendedorismo Social, na Universidade Católica de Lisboa, onde as quatro estão a tirar mestrado em Gestão.

“Desde a primeira semana que nos apercebemos de que tínhamos um objetivo em comum - ajudar os refugiados. Após nos termos informado sobre a situação dos refugiados em Portugal, constatámos que os programas existentes faziam um bom trabalho na receção. No entanto, verificámos que existiam ainda muitas barreiras a ultrapassar relativamente à sua integração social no nosso país”, explicou Catarina Ribeiro, acrescentando que desde a conclusão da cadeira têm “trabalhado para tornar o projeto uma realidade”.

Para isso, a equipa foi incentivada por dois professores a inscrever-se no Desafio Global de Inovação Social, promovido pela Universidade de San Diego, “uma competição que premeia alunos universitários que criaram organizações sociais sustentáveis, ou empresas com impacto positivo no mundo”, no qual estão selecionadas para competir por três prémios de 5.000 euros cada, sendo que o prémio final é de 35.000 euros.

Segundo Pilar Nieto Guimarães, o 'women innovators' e o 'global impact tracks' são os prémios que o gropo tem mais possibilidade de ganhar, “pois estão mais alinhados com o projeto”.

Com uma eventual vitória, as estudantes podem garantir “a primeira fase de implementação do projeto”, mas mesmo só “a visibilidade da competição é bastante valiosa, porque pode atrair outros investimentos”.

De forma a viajarem até à Califórnia, as estudantes recorreram a uma campanha de ‘crowdfunding’ devido aos “custos elevados (particularmente a deslocação)”, que já ultrapassou o valor pedido de 2.500 euros e continua aberto até dia 25 de junho, sendo que o dinheiro que sobrar “vai ser usado para a implementação do projeto”, referiu Margarida Santos.

A seleção de ‘buddies’, isto é de alunos portugueses, será feita através de um processo de recrutamento e treino, no qual são analisadas as características pessoais desse aluno, para depois “combinar da melhor forma os interesses e as afinidades pessoais dos ‘buddies’ e dos refugiados”, para que esses apoiem os refugiados a nível “linguístico, cultural e académico”.

“O nosso objetivo é que exista uma afinidade de interesses e de características entre eles. Os refugiados não ficarão em casa dos ‘buddies’, uma vez que as responsabilidades do ‘buddy’ passam pelo apoio a nível linguístico e cultural. Além disso, deve oferecer apoio académico, dadas as dificuldades associadas à adaptação a um novo ensino”, prosseguiu Margarida.

A alemã Lucy Dreger admitiu ter “uma ligação próxima com as dificuldades dos refugiados”, uma vez que os seus avós foram refugiados depois da II Guerra Mundial, e também porque o seu pai decidiu “fundar um programa de ‘buddies’” no seu país, motivando-a a ser ‘buddy’ de três afegãos.

“Esta experiência ensinou-me a lidar com a realidade dos refugiados e fez-me sentir a necessidade de ajudar mais pessoas a viverem em liberdade e em segurança. A atual reação dos EUA em relação à imigração desilude-nos bastante, uma vez que estão a lidar com pessoas de uma forma desumana, demonstrando brutalidade e falta de empatia com o próximo.”, vincou.

Do ponto de vista europeu, a alemã entende que “vários países demonstraram diferentes atitudes e recetividade”, mas que, “de um modo geral, os países europeus mostraram-se solidários com a situação e abriram portas para receber os refugiados”.

“A crise de refugiados não podia ser ignorada, uma vez que nos atingia diretamente enquanto europeus. Contudo, o enorme fluxo de refugiados que entrou na Europa em tão pouco tempo exige que mais soluções e iniciativas de integração sejam desenvolvidas”, concluiu.

O #buddy4you é apresentado no sábado em San Diego, competindo com mais de 50 equipas de 12 países, dando depois início à criação de uma “associação estudantil”, de forma a ter “mais suporte numa fase inicial”, mas Pilar Nieto Guimarães não descura que, “a longo prazo, o objetivo é ser uma organização não-governamental (ONG)”.

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