As labaredas do "Dixie Fire" são tão grandes que geram nuvens capazes de provocar relâmpagos e ventos fortes, que por sua vez podem atiçar o fogo, dizem especialistas.
"O dia de segunda-feira pode ser um dos mais difíceis: se estas nuvens forem suficientemente altas, terão o potencial para produzir relâmpagos", disse Julia Ruthford, meteorologista que se encarrega de monitorizar este incêndio.
Cerca de 5.400 bombeiros foram mobilizados no norte da Califórnia para conter o incêndio, que só tem vindo a crescer desde meados de julho, atiçado pelo forte calor, uma seca alarmante e ventos contínuos, sendo que as autoridades alertaram que as condições poderiam piorar ao longo desta segunda-feira.
Para ajudar nos trabalhos de resgate, socorristas chegaram de vários locais, entre eles a Flórida, estado na outra ponta do país.
Uma investigação preliminar determinou que o gigantesco incêndio foi provocado pela queda de um cabo de energia sobre uma árvore.
A linha elétrica era propriedade da Pacific Gas & Company (PG&E), operadora privada à qual no ano passado se atribuiu a responsabilidade por um incêndio que praticamente apagou do mapa a localidade de Paradise, também no norte da Califórnia, e matou 86 pessoas.
O "Dixie Fire", com cerca de 132 quilómetros de diâmetro, queimou até agora cerca de 80.000 hectares, principalmente em áreas isoladas, o que explica porque apenas dezenas de casas e outras edificações foram destruídas.
Os incêndios florestais são comuns na Califórnia e os moradores perguntam-se o que falta queimar, mas este verão tem sido particularmente intenso devido, segundo especialistas, às mudanças climáticas.
Os incêndios registados na Califórnia e no estado vizinho do Oregon começaram atipicamente cedo na temporada de incêndios, impulsionados por uma seca de vários anos, fortes ventos e um início de verão abrasador, que os especialistas atribuem ao aquecimento global.
A série atual de ocorrências já consumiu três vezes mais vegetação do que a mesma época de 2020, que por sua vez foi marcado como o pior ano em incêndios desde que se tem registo.
Avançando por locais extremamente acidentados, os bombeiros às vezes são apoiados por um comboio, do qual conseguem molhar abundantemente áreas que de outra forma seriam inacessíveis.
Mas nas atuais condições climáticas, "as brasas podem voar facilmente a mais de um quilómetro do fogo", explica à AFP Rick Carhart, porta-voz dos bombeiros. Por isso, locais que acolhem pessoas refugiadas, como o povoado de Quincy, estão ameaçados.
As marcas da seca que alimenta o fogo estão por toda parte: um campo de golfe com o relvado amarelado e um barco que tenta navegar num lago que é hoje uma sombra do que foi um dia.
Carhart disse a meios de comunicação que algumas vezes os bombeiros enfrentam dificuldades, ao ser obrigados a caminhar com ferramentas e equipamentos pelo terreno acidentado.
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