Em causa está o “abate de centenas de árvores de grande porte numa área significativa do Parque Natural Sintra-Cascais”, na freguesia de Alcabideche, concelho de Cascais, distrito de Lisboa, situação para a qual foi apresentada queixa a várias entidades, inclusive ao ministro do Ambiente e da Ação Climática, informou o Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, uma das organizações ambientalistas que denunciaram o caso.

A queixa foi apresentada por um grupo de vários cidadãos e de várias organizações ambientalistas, nomeadamente SOS Parque Natural Sintra-Cascais, Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, QSIntra, Fórum Cidadania Lisboa, Fórum por Carcavelos, Grupo Ecológico de Cascais ONGA e Associação de Defesa da Aldeia de Juso.

Divulgando fotografias e vídeos do corte de árvores, as organizações ambientalistas afirmam que se tratam de “espécies não-invasivas” e que “a extensão do abate é grande”, exigindo “medidas imediatas” para “impedir a continuação da destruição de um património natural numa zona protegida por lei no Parque Natural Sintra-Cascais, o primeiro parque natural nacional, com biodiversidade única ao nível de flora e fauna, insubstituível e de extrema importância para o meio ambiente e para o país, em particular perante o cenário de emergência climática”.

O Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra reforçou que “a situação é realmente muito grave”, inclusive pelo período de seca, uma vez que “os troncos têm sido deixados no local e vão secando, pelo que potencia sérios riscos de incêndio”, acrescentando que “os abates, pelas movimentações que têm sido feitas no terreno, tudo indica que vão continuar”.

Em resposta à agência Lusa, a Câmara de Cascais, presidida por Carlos Carreiras (PSD), informou que a área do perímetro florestal no concelho é cogerida com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e que esta intervenção na serra de Sintra e Penha Longa “tem única e exclusivamente objetivos de conservação e pressupõe, entre outras ações, o controlo e erradicação de espécies invasoras exóticas, em particular a acácias spp. para, consequentemente, se iniciar o processo de restauração da floresta nativa, com plantação de árvores e arbustos distribuídos em função da sua especificidade (nomeadamente carvalhos, sobreiros, medronheiros, espécies arbustivas diversas e ripícolas)”.

O município de Cascais assegurou que esta tarefa “é essencial” para a redução do risco de incêndio, em que esta é uma zona crítica, como para o combate às alteração climáticas e necessidade de conter a perda de biodiversidade.

“Naturalmente que este tipo de intervenções tem impacto na paisagem, mais na sua componente estética, tão pouco na fauna ou flora que, nestas zonas, é praticamente inexistente, face ao caráter invasivo destas plantas”, expôs a Câmara de Cascais, referindo que para mitigar este impacto as áreas de intervenção são limitadas a 5/6 hectares e distante entre elas para descontinuar esta intervenção à escala da paisagem, pelo que esta gestão está planeada a médio/longo prazo e representa um investimento significativo da autarquia que recorre a apoios do POSEUR e PDR, inclusive porque estima-se que sejam necessários cerca de cinco anos até se conseguir de facto controlar as plantas invasoras de uma parcela.

Sobre a queixa apresentada pelas organizações ambientalistas, o município de Cascais considerou que “somente o desconhecimento, seja dos valores naturais como do risco que acarretam, pode levar a estas interpretações” de crime ambiental, ressalvando que “é sempre bom quando a sociedade está atenta”, mas importa continuar a trabalhar na educação e sensibilização ambiental para “ter cada vez mais cidadãos esclarecidos e bem informados”.

A Câmara de Sintra, presidida por Basílio Horta (PS), disse à Lusa que “nenhuma das situações denunciadas de abate de centenas de árvores se realiza em território do município”, no entanto, atendendo que decorre no Parque Natural Sintra-Cascais, “as autoridades competentes devem ser alertadas para esta situação”.

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