Em causa está o “abate de centenas de árvores de grande porte numa área significativa do Parque Natural Sintra-Cascais”, na freguesia de Alcabideche, concelho de Cascais, distrito de Lisboa, justificada com a necessidade de “controlar e erradicar espécies invasoras exóticas”, em particular acácias.

No entanto, esta intervenção tem sido contestada por algumas organizações ambientalistas, que organizaram na sexta-feira uma caminhada simbólica pela zona dos abates para denunciar o abate de outras árvores não invasoras, como ciprestes e pinheiros, classificando-a como um “crime ambiental”.

Na iniciativa participaram organizações ambientalistas como o SOS Parque Natural Sintra-Cascais, Grupo dos Amigos das Árvores de Sintra, QSIntra, Fórum Cidadania Lisboa, Fórum por Carcavelos, Grupo Ecológico de Cascais ONGA e Associação de Defesa da Aldeia de Juso.

Face a estas críticas, a Câmara Municipal de Cascais, que já tinha anteriormente esclarecido os motivos e os contornos desta intervenção, reiterou hoje, em comunicado, que tudo está a ser levado a cabo com recurso às “melhores práticas nacionais de gestão florestal”.

“A ação de controlo de espécies invasoras realizada no PNSC nos últimos dias tem uma ampla validação técnica e um grande envolvimento de entidades externas como o Ministério do Ambiente, o Instituto da Conservação da Natureza (ICNF), os Corpos de Bombeiros e pelo Serviço Municipal de Proteção Civil”, argumenta a Câmara de Cascais.

A autarquia, presidida por Carlos Carreiras (PSD), critica também a posição assumida pelos movimentos ambientalistas, acusando-os de tentar “manipular os cidadãos” e de “pôr em causa o trabalho de muitos profissionais”.

“Para além da validação e envolvimento institucional das autoridades nacionais competentes, a operação de controlo das invasoras segue também as melhores práticas internacionais na proteção da paisagem e no combate às alterações climáticas”, assegura o município.

Há uma semana, numa resposta enviada à agência Lusa, a Câmara Municipal de Cascais explicou que a intervenção na serra de Sintra e Penha Longa “tem única e exclusivamente objetivos de conservação e pressupõe, entre outras ações, o controlo e erradicação de espécies invasoras exóticas, em particular a ‘acácias spp’, para, consequentemente, se iniciar o processo de restauração da floresta nativa, com plantação de árvores e arbustos distribuídos em função da sua especificidade [nomeadamente carvalhos, sobreiros, medronheiros, espécies arbustivas diversas e ripícolas]”.

Esse objetivo foi também corroborado, numa resposta à Lusa, pelo Ministério do Ambiente que assegurou que as intervenções no Parque Natural Sintra-Cascais incidem no controlo de plantas invasoras e de adensamentos com autóctones, bem como na criação de faixas de gestão de combustível para reduzir o risco de incêndio.

Entretanto, na quinta-feira, a Câmara Municipal de Cascais publicou na sua página da Internet um vídeo no qual esta intervenção é explicada por técnicos municipais e por responsáveis do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que garantem que o processo está a cumprir todos os pressupostos estabelecidos.