“Há quem coloque essa questão e é uma dúvida que se coloca das vantagens e desvantagens de ter ali a esquadra, mas é uma matéria sobre a qual o município não tem opinião, não tem posição definida e nem sequer discutiu esse assunto”, disse Carlos Rabaçal, em declarações à Lusa.
No sábado, no discurso de abertura do Roteiro para uma Educação Antirracista, dinamizada pelo Instituto Politécnico de Setúbal, Carlos Rabaçal referiu que alguns dos incidentes que ocorrem no bairro acabam por ter mais impacto pela presença de uma esquadra da polícia.
“Nós temos uma ideia de que se não tivéssemos uma esquadra da polícia na Bela Vista, não teria havido nenhum daqueles incidentes, porque estas situações no bairro são sempre de jovens contra a esquadra, com polícia de intervenção na esquadra, mas nunca tivemos ações de grande complexidade, sempre a polícia a defender a esquadra”, mencionou.
Contudo, segundo Carlos Rabaçal, nunca foi considerada pela câmara municipal a hipótese de saída da esquadra da PSP e o que pretendia era “fazer uma referência a opiniões” que vai ouvindo nas reuniões de moradores do bairro da Bela Vista, tendo em conta que “todos os acontecimentos se focam à volta da esquadra” e que o “aparato policial que é mobilizado, no essencial, é para proteger a esquadra”.
Também no sábado, o autarca referiu que os últimos acontecimentos na Bela Vista “não foram miúdos a reagir a problemas racistas ou a violência policial naquela zona, foi uma coisa de mimetismo de gente branca”.
Na conversa de hoje, o vereador explicou que apenas pretendia fazer referência a “um comportamento de mimetismo, isto é, de imitação por parte de jovens do bairro da Bela Vista”, garantindo que o lançamento de ‘cocktails molotov’, incêndios em caixotes do lixo e a um autocarro foram reações de jovens “numa lógica de imitação”.
“É habitual depois de acontecimentos como aqueles no Seixal, haver reações de grupos organizados com uma perspetiva política, estruturada, pensada, que atuam em função de uma ação solidária. No caso concreto da Bela Vista, tanto quanto conseguimos perceber, isso não aconteceu assim. Tratou-se de atos isolados que nós dissemos desde o início, de jovens muito jovens do bairro, com uma lógica de imitação. Decidiram devolver este tipo ações numa permanente litigação com a polícia e à volta da esquadra”, esclareceu.
Além disso, com a expressão “gente branca”, queria realçar que os desacatos “não incluía jovens negros, eram todos jovens brancos”, reforçando a ideia de que o grupo identificado “não era estruturado, organizado politicamente e nem sequer correspondem à mesma etnia, como aconteceu noutros momentos no bairro”.
Carlos Rabaçal lembrou também o programa Nosso Bairro Nossa Cidade, dinamizado em entre a autarquia e cerca de 4.000 moradores que identificam e decidem em conjunto sobre a resolução de problemas existentes.
“Nós acompanhamos e apoiamos. Isso tem provocado uma relação nos moradores e uma vida comunitária muito próxima, muito intensa e uma grande proximidade de todas as etnias, visto que toda a gente e todas as idades participam de facto com responsabilidades. Há prédios inteiros que elegem uma pessoa cigana, uma pessoa negra, uma pessoa branca, uma mulher, pessoas mais velhas, elegem jovens. Qualquer morador pode ser eleito”, explicou.
Além disso, garantiu que o bairro é “sereno e seguro” e que os moradores afirmam que “ninguém irá parar este processo de grande transformação social”.
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