Segundo a mesma fonte, o autarca Rui Moreira (independente) “dirigiu hoje ao presidente do Conselho de Fundadores” de Serralves “que convoque”, com “carater de urgência”, aquele órgão, onde a autarquia tem assento, “para avaliar a questão suscitada acerca da exposição que está a decorrer no Museu de Arte Contemporânea”, e que levou à demissão do diretor do Museu de Serralves por alegada interferência da administração.

“Numa carta hoje dirigida a Braga da Cruz, Rui Moreira lembra que a Fundação Serralves tem sido alvo de notícias em órgãos de comunicação social nacionais e internacionais e de diversas manifestações públicas suscetíveis de afetar a sua imagem e reconhecido prestígio, a propósito da exposição do artista Robert Mapplethorpe", escreve a Câmara, no 'site'.

A autarquia lembra ter “assento, por decreto-lei, no Conselho de Fundadores [de Serralves], que reúne ordinariamente uma vez por ano, mas que pode ser convocado extraordinariamente pelo seu presidente ou a pedido do Conselho de Administração”.

O diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, João Ribas, apresentou na sexta-feira a sua demissão porque "já não tinha condições para continuar à frente da instituição", disse ao jornal Público.

O diário escreveu no sábado que a demissão surgiu depois de a administração ter limitado a maiores de 18 anos uma parte da exposição dedicada ao fotógrafo norte-americano Robert Mapplethorpe, comissariada por Ribas, e ter imposto a retirada de algumas obras com conteúdo sexualmente explícito.

Em comunicado, o Conselho de Administração da Fundação de Serralves afirmou no sábado que "não retirou nenhuma obra da exposição", composta por 159 fotografias, "todas elas escolhidas pelo curador", João Ribas.

A administração acrescentou que "desde o início a proposta da exposição foi apresentar as obras de cariz sexual explícito numa zona com acesso restrito", afirmando que considerou "que o público visitante deveria ser alertado para esse efeito, de acordo com a legislação em vigor".

Na segunda-feira, à entrada de uma das salas da exposição, lia-se o aviso: “Dado o caráter sexualmente explícito de obras expostas nesta área, o acesso à mesma é reservado a maiores de 18 anos e a menores acompanhados dos respetivos representantes legais”.

Contudo, num primeiro alerta, afixado no mesmo local, no final da semana passada, estava escrito: “Alertamos para a dimensão provocatória e o caráter eventualmente chocante da sexualidade contida em algumas obras expostas. A admissão nesta sala está reservada a maiores de 18 anos”.

Como a Inspeção Geral das Atividades Culturais (IGAC) indicou à agência Lusa, na segunda-feira, "as exposições de arte não carecem de classificação etária", ao contrário do que acontece com diversos "espetáculos de natureza artística" e "obras cinematográficas e audiovisuais".

A exposição, com fotografias de nus, flores, retratos de artistas como Patti Smith ou Iggy Pop, e imagens de cariz sexual, foi inaugurada na quinta-feira, em Serralves, no Porto.

A Fundação de Serralves considerou no domingo surpreendente o processo de contestação à presidente da instituição, Ana Pinho, e não vê motivos para a demissão da administração, como pediram três dezenas de manifestantes, no Porto, ness mesmo dia.

"É uma total surpresa, e a manifestação é igualmente surpreendente", disse então à agência Lusa Isabel Pires de Lima, em representação do Conselho de Administração da fundação.

Isabel Pires de Lima, antiga ministra da Cultura, reforçou que a escolha das peças da exposição foi "inteiramente da autoria do João Ribas", que sabia desde o início que haveria, se necessário, zonas reservadas, como de resto aconteceu em muitos museus do mundo.

Desde a inauguração, até domingo, a exposição recebeu perto de 6.000 visitantes, como adiantou à Lusa fonte da instituição.

A administração da Fundação de Serralves convocou, entretanto, um encontro com a imprensa, a realizar na quarta-feira.

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