Em declarações à agência Lusa na terça-feira à noite, o vereador Fernando Paulo avançou que esta semana é discutido pelas várias entidades que integram o Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA) o Plano da Vaga de Frio, sendo novidade a distribuição de almoços e jantares.

"Queremos que o tempo que dure, o plano de contingência tenha uma resposta mais digna, pelo que as pessoas que durmam no Centro de Acolhimento Temporário Joaquim Urbano vão ter refeições completas e quentes ao almoço e jantar", disse o vereador da Habitação e da Coesão Social.

Segundo o autarca, "auscultada a Proteção Civil, são previsíveis períodos de três dias de temperaturas inferiores a três graus" neste Inverno, somando-se, disse, "situações excecionais", pelo que o plano será "criado para ser acionado sempre que necessário", ou seja, sempre que a meteorologia exigir.

No Centro de Acolhimento Temporário Joaquim Urbano existirão 40 camas e 20 colchões, somando-se a capacidade de outros centros de acolhimento e de instituições que, garantiu, "também vão estar preparados".

"E vamos manter algumas estações de metro abertas durante toda a noite porque há situações de pessoas que não querem ir para os centros", disse o vereador, que falava à Lusa à margem da ceia de Natal organizada pelo Centro Cultural e Desportivo dos Trabalhadores da Câmara Municipal do Porto, iniciativa que juntou cerca de 800 pessoas em situação de fragilidade e mais de uma centena de voluntários.

Fernando Paulo defendeu que "na área social, como em qualquer área, é preciso diagnosticar para conhecer", fazendo "um balanço muito positivo" da atuação do NPISA, núcleo que tem seis eixos de intervenção.

"Todas as situações que são sinalizadas são encaminhadas para o respetivo eixo de intervenção e procura-se a resposta mais adequada às circunstâncias. Às vezes, é feita a sinalização e é feita a recusa da intervenção. Apelo sempre para que se procurem serviços diferentes porque o tipo de abordagem é às vezes diferente e podem-se encontrar melhores respostas. Problemáticas de saúde mental e consumo de substâncias dificultam a intervenção na rua", descreveu o autarca.

O NPISA, constituído no âmbito da ENPISA - Estratégia Nacional para Integração das Pessoas Sem-Abrigo, é coordenado desde fevereiro pela câmara do Porto, contando com 60 instituições.

Fernando Paulo descreveu que o núcleo tem "reunido mensalmente e está a terminar o plano de ação".

Quanto a números sobre a realidade de fragilidade no Porto, o vereador apontou para a existência de 750 pessoas que preenchem as características enumeradas pela Estratégia Nacional, ou seja, que estão em quarto ou pensão, em centros de acolhimento ou na rua.

"Na rua, em situação de completa desproteção, sem teto e sem retaguarda, teremos cerca de 130 a 150 pessoas", precisou, acrescentando que, apesar da prioridade ser a intervenção junto destas pessoas, a câmara também está a priorizar o trabalho "na transição para apartamentos partilhados das pessoas que vivem em albergues ou centros".