O subdiretor-Geral do Serviço de Intervenção de Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), Manuel Cardoso, está no Canadá desde o dia 11 de setembro a participar em duas conferências, explicando aos canadianos o modelo português.
"Estão a tentar promover o acompanhamento e a recuperação de toxicodependentes e quiseram que explicasse o modelo português para avaliarem a possibilidade de poderem propor ou pressionar o Estado canadiano a desenvolver um modelo próximo do português", afirmou Manuel Cardoso, em declarações à agência Lusa.
O Subdiretor do SICAD falava na Casa do Alentejo de Toronto, na sexta-feira à noite, após um encontro com a comunidade portuguesa.
Antes, nos dias 13 e 14, participou na Conferência ‘Recovery Capital', juntamente com especialistas canadianos, tendo em vista a crise de opioides, nomeadamente do fentanyl, drogas que estão a provar overdoses na América do Norte.
Na província do Ontário, nos últimos 15 anos, já perderam a vida devido a overdoses de opioides 1.250 pessoas, um aumento de 246 por cento, segundo dados do Ministério da Saúde do Ontário.
Segundo o site da organização, nos primeiros três meses de 2018, já foram confirmados 59 óbitos, 303 em 2017, e em 2016 registaram-se 186 mortes.
A introdução da lei em 2001 que descriminalizou a posse para consumo pessoal de drogas e promoveu medidas para a sensibilização dos consumidores, contribuindo para a redução da criminalidade e de casos de VIH entre toxicodependentes, tem particular interesse para o público canadiano.
"Para a população portuguesa foi um sucesso. A situação que tínhamos em 1997/98, antes da descriminalização, com aquilo que temos hoje não é comparável. Os ganhos são em toda a linha em quase todos os indicadores. Só pode ser considerado um modelo de sucesso", explicou.
O subdiretor-geral do SICAD enalteceu ainda no modelo português como fator de sucesso "o trabalho conjugado entre a prevenção, o tratamento, a redução de riscos, a minimização de danos e a reinserção para que se possa chegar a bom porto".
No entanto, descriminalizar um modelo pode não ser suficiente "não é a bala de prata", pois tem de haver "todo um conjunto de atividades e de intervenções que é indispensável” fazer.
O Canadá será o segundo país do mundo, após o Uruguai, a legalizar o consumo e o cultivo de cannabis a partir do próximo dia 17 de outubro.
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