Stubb, que falava num jantar conferência para jovens estudantes portugueses e espanhóis, sublinhou a importância da chamada 4.ª revolução pelo impacto “potencialmente disruptivo” e na necessidade de apostar numa “inteligência artificial benigna” controlada pelo ser humano.
“Sim, a tecnologia é fantástica, sim, o avanço científico é fantástico, mas temos de ter muito cuidado a monitorizá-la. Porque a tecnologia pode ser fantástica, mas pode acabar com a Humanidade. É estúpido não a tentarmos controlar”, disse Stubb, sublinhando que falava para “a próxima geração da Europa”, lema da sua campanha.
“Se e quando tivermos de regular a economia e o trabalho, primeiro, a política e os ‘media’, depois, e finalmente a ciência, temos de fazê-lo juntos e não dar a vantagem competitiva a outros”, frisou.
Para o ex-primeiro-ministro finlandês (2014-2015), a robotização, inteligência artificial, impressão 3D, digitalização, entre outros, constituem uma revolução que, ao contrário da revolução industrial, “é muito mais rápida e disruptiva”.
Os primeiros efeitos, disse, já se sentem e vão acentuar-se ao nível do emprego, com “cada vez mais atividades a ser desempenhadas por máquinas”, e dos serviços, com o número crescente de plataformas, como o Facebook, a Uber, Airbnb.
Nas últimas décadas, “um trabalhador era um valor”, mas com a revolução digital iniciou-se um “processo de criar uma classe inútil”, o que é uma ideia “assustadora”, porque “cada ser humano deve ter valor”.
Ao nível político e dos meios de comunicação, o impacto não vai ser, como Stubb disse que muitos acreditaram, entre os quais ele mesmo, “a democracia digital”, mas antes aquilo a que assistimos atualmente: “Ditaduras digitais”.
“Vamos viver num mundo com tanta informação que vai matar a nossa capacidade para pensar independentemente”, em que as grandes empresas tecnológicas têm todos os nossos dados, algo que choca todos quantos “valorizam a liberdade individual”.
“As Constituições e as democracias foram criadas para proteger as minorias. Penso que também precisamos de Constituições para proteger os cidadãos dos grandes bancos de dados”, disse.
Finalmente, em termos da ciência e do futuro da Humanidade, Stubb frisou que, a par dos evidentes benefícios da evolução científica para a vida e a saúde humana, “quando a tecnologia encontra a biologia” surgem questões éticas, por vezes “muito difíceis”, como a manipulação de ADN ou um ciberataque dirigido contra um implante cerebral.
Neste panorama, que avança muito rapidamente, Alexander Stubb insistiu: “É melhor ditarmos as regras do jogo do que sermos condicionados por elas”.
Alexander Stubb esteve em Lisboa para participar na Escola Europa, uma iniciativa organizada pelo Partido Social-Democrata (PSD) de Portugal e pelo Partido Popular (PP) de Espanha com o apoio do Partido Popular Europeu (PPE).
O finlandês concorre atualmente com o alemão Manfred Weber à nomeação pelo PPE como candidato do grupo político — ‘Spitzenkandidat’ – à presidência da Comissão Europeia, decisão que será tomada no Congresso do PPE, em 07 e 08 de novembro em Helsínquia.
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