“O envio de tropas europeias para a Ucrânia deve ser solução última, até porque Portugal não tem neste momento capacidade militar para o efeito”, declara Tânger Correa, que lidera a lista do Chega, a um questionário enviado pela Lusa aos cabeças de lista às eleições de 09 de junho para o Parlamento Europeu.
O candidato considera que a posição de Emmanuel Macron “entende-se numa lógica de perda de influência interna e em contexto de campanha eleitoral” e, reconhecendo que a invasão da Ucrânia pela Rússia representou uma “mudança de época”, sustenta que a defesa deve ser vista à luz da pertença à NATO, organização de que Portugal é um dos países fundadores.
Para o cabeça de lista da IL, Cotrim Figueiredo, é preciso ter presente que a “guerra é entre dois estados apenas”, que não pertencem à NATO.
“Não nos parece razoável que as forças armadas portuguesas — as quais hoje mal tem condições e recursos em Portugal — sejam convocadas para esse esforço”, responde.
Catarina Martins, que lidera a lista do BE, considera que a ideia de uma confrontação “entre as maiores potências nucleares do mundo é irresponsável e perigosa” e propõe a realização de uma “conferência de paz, sob a égide das Nações Unidas”.
João Oliveira, número um da lista da CDU, sustenta que “ajudar o povo ucraniano é abrir urgentemente um caminho de negociação política para a paz e não o escalar da confrontação”.
“Não podemos aceitar que a juventude portuguesa e dos restantes países que integram a União Europeia seja enviada para morrer onde interessar à NATO ou onde o sr. Macron disser”, afirma.
O cabeça de lista do Livre, Francisco Paupério, alerta também que tal decisão “pode contribuir para a escalada do conflito” e defende um “cessar-fogo imediato”.
A Ucrânia deve receber “todo o apoio necessário”, sustenta Marta Temido, cabeça de lista do PS.
“Porém, uma intervenção europeia direta no território ucraniano no atual contexto pode comportar um risco de escalada do conflito que não pode ser negligenciado com potencial de agravamento da situação em prejuízo de uma resolução célere da mesma”, sustenta.
Do lado da coligação AD (PSD/CDS-PP/PPM), Sebastião Bugalho não dá uma resposta “sim” ou “não” ao envio de tropas europeias, incluindo portuguesas, para o terreno, optando por salientar que “é Putin que está em guerra com a Europa, não é Portugal que está em guerra com a Rússia”.
“O apoio à Ucrânia só terminará num dia, da derrota russa. E esse é um apoio político, financeiro, militar e humanitário”, afirma, defendendo o aprofundamento da Política Externa e de Segurança Comum.
Sem também responder diretamente à pergunta se “com a possibilidade de envio de tropas, entre as quais portuguesas, para a Ucrânia sob a União Europeia” como sugerido por Macron, o cabeça-de-lista do PAN, Pedro Fidalgo responde que a União Europeia tem de “atuar proativamente na garantia da sua segurança e defesa em diferentes dimensões, como a cibersegurança, incluindo na cooperação e solidariedade”.
Emmanuel Macron reafirmou no início de maio que não se pode excluir o envio de tropas ocidentais para a Ucrânia, tal como já tinha dito em fevereiro.
“Se os russos passassem a linha da frente, se houvesse um pedido ucraniano – o que não é o caso atualmente – deveríamos legitimamente colocar-nos a questão”, disse o presidente francês.
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