“É importante desenvolver a nossa capacidade de cooperação técnica militar para aumentar a capacidade de defesa dos nossos amigos contra essas ameaças de fora”, disse o ministro russo.
Lavrov falava aos jornalistas após um encontro com o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no palácio presidencial de Miraflores.
“Somente o povo venezuelano tem o direito de decidir sobre o seu próprio futuro e o seu próprio destino, e a Rússia fará todos os possíveis para apoiar esse processo”, disse.
Por outro lado, explicou que para além do setor militar, Moscovo e Caracas chegaram a acordo para avançar com novos investimentos e aprofundar a cooperação económica e comercial em várias áreas, apesar das sanções impostas pelos EUA contra a Venezuela.
Antes de se reunir com Nicolás Maduro, Serguei Lavrov participou numa reunião da Mesa de Diálogo entre o Governo venezuelano e vários pequenos partidos que se afirmam opositores, mas cuja atuação é questionada pelas grandes organizações oposicionistas venezuelanas.
“O diálogo nacional, na Venezuela, é um ato aberto a todos os partidos políticos. Está claro que os oponentes radicais têm alergia a estes eventos. Estamos convencidos de que as ambições de alguns políticos não devem predominar perante os interesses do povo. Esperamos que tenham um enfoque comum para as (próximas) eleições”, disse o ministro.
“O nosso foco é que qualquer crise, inclusive na Venezuela, pode ser solucionada através de medidas políticas e diplomáticas com um diálogo inclusivo entre os venezuelanos”, frisou.
Segundo Lavrov “a recessão económica” na Venezuela “resulta de tentativas, de uma campanha executada” para derrubar o Governo de Nicolás Maduro, “utilizando inclusivamente a força”.
Trata-se, disse, de uma situação que deve ser levada ao Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) e trabalhada de modo a que todos cumpram as suas obrigações internacionais”.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Lavrov, chegou hoje à Venezuela, onde foi recebido pelo seu homólogo venezuelano, Jorge Arreaza, numa curta visita em que Caracas espera reforçar a cooperação bilateral com Moscovo.
Lavrov chegou à Venezuela depois de passar por Cuba e pelo México, onde se reuniu com os seu homólogos Bruno Rodríguez e Marcelo Ebrard, respetivamente.
A Venezuela, um país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo, atravessa há mais de cinco anos uma grave crise económica, política e social.
A oposição responsabiliza o regime pela contração da economia, alta inflação, escassez de medicamentos e alimentos, e pela descida na produção de petróleo, a principal fonte de rendimento do país.
Por outro lado, o Governo venezuelano atribui a situação a uma “guerra económica” e a sanções impostas pelos Estados Unidos, que afirma terem o apoio da oposição do país.
A crise venezuelana agravou-se desde janeiro de 2019, quando o líder opositor e presidente do Parlamento, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente interino da Venezuela até conseguir afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país.
Guaidó é apoiado por cerca de 50 países, incluindo Portugal (no âmbito da União Europeia).
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