“Eles sabem quais são os mecanismos. O respeito é o primeiro. Esse é o primeiro mecanismo, de respeito. E, aqui há um presidente que se chama Nicolas Maduro. Não há outro presidente. Não há”, declarou, na segunda-feira, o presidente da Assembleia Constituinte (AC, composta por apoiantes do regime), a propósito da proibição de a TAP voar para o país por 90 dias.
Diosdado Cabello falava aos jornalistas, em Caracas, durante a conferência de imprensa semanal do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder), durante a qual se referiu ao líder opositor e presidente interino autoproclamado do país Juan Guaidó como “verme e animal perigoso”.
Guaidó foi reconhecido por meia centena de países, incluindo Portugal.
“Que a TAP peça [a Juan Guaidó] uma reconsideração da sanção, para ver quem é o Presidente da Venezuela, porque entre outros coisas o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal disse que transportavam um Presidente. Presidente de quê? De quê?”, sublinhou.
Segundo Diosdado Cabello, a suspensão dos voos “é o mínimo” que a Venezuela podia fazer.
“Essa companhia aérea violou os regulamentos de segurança e converteu-se num atentado contra a segurança do nosso país”, frisou.
Cabello, considerado o segundo homem mais forte do ‘chavismo’, depois de Maduro, adiantou que “foram os Estados Unidos a dar a ordem” para transportar o opositor para Caracas.
“É assim que os Estados Unidos colocam Presidentes. Quem tem que passar pela Casa Branca para receber a bênção de [Presidente norte-americano] Donald Trump, ou de quem estiver aí, dá-lhes ordens assim”, disse.
Diosdado Cabello frisou ainda que “os mecanismos são claros (…) que se comuniquem com o ministro de Relações Exteriores, Jorge Arreaza. Ele é o único ministro de Relações Exteriores da Venezuela que os pode atender”.
“A menos que os que governam Portugal ainda sintam que são um império. Eles não tinham um aqui no Brasil? (…) Talvez eles ainda acreditem que somos súbditos, que somos uma colónia e que podem, como império, dar ordens. É assim que alguns acreditam”, considerou.
Por outro lado, o responsável venezuelano acusou Portugal de manter nos bancos portugueses “grande parte do dinheiro roubado da Venezuela”.
“Dá tristeza, não pensem que é um dos melhores [países] com os quais temos relações. Grande parte do dinheiro roubado da Venezuela está nos bancos de Portugal”, disse Cabello, numa alusão aos recursos bloqueados no Novo Banco, sem referir o nome da instituição bancária.
“Não pensem que eles são nossos benfeitores. Não, não, não. Grande parte do dinheiro roubado da Venezuela está nos bancos de Portugal”, concluiu.
Na segunda-feira, o Governo venezuelano anunciou a suspensão por 90 dias das operações no país da companhia aérea portuguesa TAP, “por razões de segurança”, após acusações de transporte de explosivos num voo oriundo de Lisboa, no qual viajou Juan Guaidó.
“Devido às graves irregularidades cometidas no voo TP173, e em conformidade com os regulamentos nacionais da aviação civil, as operações da companhia aérea TAP ficam suspensas por 90 dias”, disse o ministro dos Transportes da Venezuela, Hipólito Abreu, na conta da rede social Twitter.
Na passada semana, o Governo venezuelano acusou a TAP de ter violado “padrões internacionais”, por alegadamente ter permitido o transporte de explosivos e por ter ocultado a identidade do líder da oposição venezuelana Juan Guaidó, num voo para Caracas.
Segundo o Governo venezuelano, Juan Marquez, tio de Guaidó que acompanhava o sobrinho nesse voo, transportou “lanternas de bolso táticas” que escondiam “substâncias químicas explosivas no compartimento da bateria”.
Assim, as autoridades venezuelanas consideraram que a TAP violou, no voo entre Lisboa e Caracas, normas de segurança internacionais, permitindo explosivos, e também ocultou a identidade do autoproclamado Presidente interino da Venezuela Juan Guaidó na lista de passageiros, embora a segurança aeroportuária não seja da responsabilidade das companhias transportadoras.
O Governo português já pediu um inquérito para averiguar a veracidade das acusações que envolvem a transportadora aérea portuguesa, dizendo não ter qualquer indício de irregularidades no voo que transportou Marquez e Guaidó.
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