Carla Castro foi, dos três candidatos à liderança da Iniciativa Liberal, a mais ovacionada. Afirma que quer um partido sem "barões e sem caciques" e onde "os membros são livres". Se ganhar, deixará nas mãos dos deputados a manutenção ou não do líder do Grupo Parlamentar, Rodrigo Saraiva: "Não deve ser o presidente a decidir, devem ser os deputados a escolher".

Para conseguir uma vitória nas legislativas, pretende desde já "convocar trabalho sustentado com os membros, com os núcleos, com as estruturas que vamos montar e robustecer, do Gabinete de Estudos, da Academia Liberal, o lançamento de políticas públicas e a apresentação como alternativa aos eleitores. Temos de nos preparar internamente para ser uma alternativa credível", diz.

Perguntas à Queima-Roupa:

Esteve, até ser eleita deputada, à frente do Gabinete de Estudos da Iniciativa Liberal. Gestora de profissão, é licenciada em Economia e tem um doutoramento em Gestão, com uma tese sobre "O Comportamento de Consumidor". Integra a Comissão de Orçamento e Finanças (coordenadora do grupo parlamentar) e é vice-presidente da Comissão de Educação e Ciência.

O que fazem ou faziam os seus pais?

O mais importante é que são os melhores pais do mundo [prefere não responder quanto a profissões].

Quem são os seus amigos?

[Pensa...]

Quem foi o pior primeiro-ministro de todos os tempos?

Triste país quando temos várias escolhas possíveis.

Qual o seu maior medo?

Falhar-me a mim própria e aos meus filhos.

Qual o seu maior defeito?

Acho que, neste momento, a persistência pode ser um.

Quem é a pessoa que mais admira?

O meu pai.

Qual a sua maior qualidade?

Fazemos sempre maus juízos em causa própria... A generosidade, a humildade, a empatia.

Qual a maior extravagância que já fez?

Concorrer a presidente da Iniciativa Liberal.

Qual a pior profissão do mundo?

Político.

Se fosse um animal, que animal seria?

Um cavalo.

Quem não merece uma segunda oportunidade?

Acho que, no final, todos merecem uma segunda oportunidade.

Em que ocasiões mente?

Não tenho por hábito mentir.

Se fosse um super-herói, que personagem seria?

Sou anti-heróis.

Que traço de perfil obrigatório tem de ter alguém para trabalhar consigo?

Ânimo.

Qual o seu filme de eleição?

Pode ser uma série, "West Wing" [de Aaron Sorkin e John Wells]

O que a faz perder a cabeça?

Hipocrisias.

O que a deixa feliz?

A amizade.

Um adjetivo para António Costa?

Poucochinho.

Com quem nunca faria uma aliança?

As linhas vermelhas já estão claras.

Descreva a última vez que se irritou.

Quando ouvi acusações injustas.

Tem uma comida de conforto ou de consolo? Qual?

Não tenho. A ter seria um copo de vinho, mas não sei se é muito politicamente correcto dizer.

A que político nunca compraria um carro em segunda mão?

Compraria a liberais.

Se pudesse ser congelada e acordar daqui a 500 anos, o que quereria saber?

Dos meus filhos, da descendência.

"M" de quê"?

Melhoria. E mobilidade social.

Mas, antes disso, Carla Castro terá de vencer eleições internas. Garante que tem "claramente a melhor equipa". E avança três medidas, uma interna, uma externa e uma de equipa: "Maior descentralização efectiva, com poder aos núcleos e aos autarcas; maior capacidade de marcação da agenda liberal; uma gestão participativa com as diversas estruturas".

Dentro, lembra que "há necessidade de abrir mais o partido". "Precisamos de dar o salto, precisamos de amadurecer, precisamos de uma nova estratégia de crescimento". E recorda que não foi por acaso que João Cotrim de Figueiredo admitiu no momento da saída que é preciso outra estratégia de crescimento e que não olhou para o partido internamente. É verdade que os núcleos estavam muitíssimo abandonados, mas é preciso querer dar-lhes poder e fazer um partido de baixo para cima e não de cima para baixo".

Na moção de estratégia que encabeça, Carla Castro propõe ainda diversificar as fontes de financiamento do partido, "como defendemos para o país". Além das quotas e donativos dos membros, da subvenção pública, a IL deverá ter outras actividades, como produção de eventos ou o Festival Liberal, uma espécie de "Avante" à moda liberal.

Ao nível da agenda liberal para o país, Carla Castro pretende "continuar o +Crescimento" e ter "a mobilidade social como um tema urgente em Portugal". Do ponto de vista mais genérico, acredita que "o círculo de compensação é importante para não haver votos desperdiçados, é um tema em que vamos ter de ser muito viscerais".

Ser deputada não é vantagem nem desvantagem, "é gerível", apesar de admitir que a Assembleia da República permite alguma notoriedade. "Nesta altura, o que me parece ainda positivo é termos uma situação em que o presidente do partido seja também deputado, ainda estamos numa fase de crescimento e de sustentação. Nesta fase, é o ideal".

Assegura que a Iniciativa Liberal está preparada para o que aí vier e que a qualidade dos membros da Comissão Executiva "é a prova" disso. "Temos é de saber quem temos e colocar todos em rota de colaboração". Se perder as eleições, diz, vai "continuar a trabalhar".

Responde à critica tantas vezes feita sobre serem liberais até ser necessária a ajuda do Estado. E desmistifica. "Temos é de ser coerentes. Na pandemia, por exemplo, foi o Estado que interrompeu as actividades, é normal que seja chamado a ser parte da solução. O que não é correcto é termos uma situação em que tenhamos de depender do Estado".

Explica que a IL não evita falar de valores e comportamentos, o partido apenas "não tem uma atitude moralista. É importante que cada pessoa se valorize nos seus projetos pessoais".

Em resumo, Carla Castro considera que "para arrumar o país precisamos de nos arrumar cá dentro [do partido]" Depois, é "dar corda aos sapatos" e não ficar, como o PSD, "à espera que o poder lhe caia aos pés — mais depressa leva com os pés" e conquistar eleições. E não tem dúvidas em afirmar que "qualquer dos nossos membros dará melhor autarca do que um boy ou uma girl do PS". 

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