“O Partido Socialista sente-se, como todos os partidos, a confirmar-se o que é dito, envergonhado”, disse Carlos César à TSF, no programa “Almoços Grátis”.
O dirigente respondia a questões sobre as suspeitas relativas a Manuel Pinho, segundo as quais o ex-ministro do Governo socialista de José Sócrates terá recebido de uma empresa do Grupo Espírito Santo (GES), entre 2006 e 2012, mais de um milhão de euros.
Questionado se, a confirmarem-se as suspeitas que recaem sobre José Sócrates, acusado de vários crimes económico-financeiros, nomeadamente corrupção e branqueamento de capitais, a vergonha é a mesma, Carlos César disse que "até é maior" porque se trata de um ex-primeiro-ministro.
Para Carlos César, o PS “não tem nenhuma razão para, em relação ao ministro Manuel Pinho, não avaliar da mesma forma o que está a acontecer com ele como avaliou os casos de vários ministros e vários responsáveis de outros partidos políticos que, na banca ou na política, tiveram comportamentos desviantes, irregulares ou até da alçada criminal”.
O líder parlamentar e presidente do PS disse ainda que o partido aborda estas questões nas suas reuniões internas.
“Ficamos entristecidos e ficamos até enraivecidos com isto, de pessoas que se aproveitam dos partidos políticos e, designadamente do nosso, do Partido Socialista, utilizam ou tenham comportamentos desta dimensão e desta natureza, evidentemente que ficamos revoltados com tudo isso”, salientou.
Em 19 de abril, o jornal ‘on-line’ Observador noticiou as suspeitas de Manuel Pinho ter recebido, de uma empresa do GES, entre 2006 e 2012, cerca de um milhão de euros.
Os pagamentos, de acordo com o jornal, terão sido realizados a "uma nova sociedade 'offshore' descoberta a Manuel Pinho, chamada Tartaruga Foundation, com sede no Panamá, por parte da Espírito Santo (ES) Enterprises — também ela uma empresa 'offshore' sediada no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas e que costuma ser designada como o ‘saco azul’ do Grupo Espírito Santo".
Dez dias após esta notícia, o PSD anunciou que pretendia ouvir Manuel Pinho no parlamento, pedido que foi hoje aprovado na comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas.
Também hoje o BE formalizou o pedido de constituição de uma comissão parlamentar de inquérito ao “pagamento de rendas excessivas aos produtores de eletricidade”, que deverá funcionar por quatro meses e abranger os governos entre 2004 e 2018.
“A existência de corrupção de responsáveis administrativos ou titulares de cargos políticos com influência ou poder na definição destas rendas” está também incluído no objeto da comissão de inquérito proposta pelo BE.
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